segunda-feira, 09/06/25
HomeDistrito FederalRede pública do DF se torna referência e atende pacientes de todo...

Rede pública do DF se torna referência e atende pacientes de todo o Brasil

A cada dez crianças nascidas na capital federal, três são de famílias que chegam de outros estados. Cenário se repete em internações, tratamentos especializados e ocupação de UTIs

Cleonice Rodrigues veio de Manaus para visitar a filha em Brasília, mas um acidente doméstico a fez ficar internada no Hospital Regional de Planaltina. Foto: Jhonatan Cantarelle/Agência Saúde-DF

 

O que a Brenda de Moura, 25, mais quer é ter o seu pequeno brasiliense nos braços. A auxiliar de cozinha, moradora de Unaí (MG), está internada desde domingo (1º) no Hospital Materno Infantil de Brasília (Hmib). Com uma gestação  de alto risco, realizar o parto onde mora se tornou inviável. Assim, foi transferida para a unidade da Secretaria de Saúde (SES-DF), que oferece atendimento especializado. “Aqui fui tão bem tratada. O atendimento é muito bom e tem todas as condições que preciso”, elogia a paciente.

A história da Brenda se repete diariamente nos hospitais do DF. A cada dez bebês que nasceram nas unidades da SES-DF em 2024, três eram de famílias residentes de 16 estados brasileiros, do Acre a Santa Catarina. No total, foram 31,5 mil partos, sendo mais de 9,5 mil de outras unidades da federação. O destaque fica para Goiás, com quase 9,4 mil crianças nascidas como brasilienses.

Essa realidade se aplica a outros casos. Das mais de 238 mil internações em hospitais da SES-DF no ano passado, um total de 20,96% (50 mil) foram de pacientes de outras áreas do País. O índice também fica próximo (18,65%) no que se refere às diárias de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs): quase 29 mil do total de 155,2 mil foram utilizadas para pacientes de 24 estados diferentes, sendo os maiores números correspondentes a Goiás (46,5 mil) e Minas Gerais (1,8 mil).

Só no período de doenças sazonais respiratórias, que anualmente intensifica os atendimentos nas alas pediátricas, 28% das internações são de pacientes de fora do DF. Tratamentos especializados, como cirurgia oncológica, insuficiência renal crônica ou de doenças cerebrovasculares também têm elevados percentuais de internações de pessoas que vêm de longe em busca do serviço, ficando, respectivamente, em 14,09%, 18,38% e 13,83%, conforme os dados de 2024 – todos do portal InfoSaúde.

Fora do roteiro

Às vezes, a busca pelo atendimento é uma surpresa. Moradora de Manaus (AM), a Cleonice Rodrigues veio para Brasília comemorar seus 78 anos de vida. Uma queda no banheiro da casa da filha, contudo, fez os planos da viagem mudarem. Internada no Hospital Regional de Planaltina (HRPl), ela se prepara para a cirurgia ortopédica. “Essa situação me impede de ir embora. Ninguém quer passar muito tempo no hospital. Pelo menos tive um alívio e consegui fazer quase todos os exames po aqui”, conta.

Já o motoboy Adriano Soares dos Santos, também internado no HRPl após um acidente de trânsito, é um morador de Planaltina de Goiás já acostumado a contar com os serviços de saúde da capital federal. “O atendimento é bom. Sempre que preciso, é para o DF que venho. Faz parte da minha vida”, diz. Na realidade, Adriano é brasiliense: 22 anos atrás, ele nasceu em um dos hospitais da SES-DF. “Eu sou candango!”, anuncia.

A cada dez crianças nascidas na capital federal, três são de famílias que chegam de outros estados. Cenário se repete em internações, tratamentos especializados e ocupação de UTIs. Foto: Jhonatan Cantarelle/Agência de Saúde-DF

Planejamento e diálogo

O Sistema Único de Saúde (SUS) garante assistência a qualquer cidadão, independentemente do local. Moradores do DF, por exemplo, podem ser acolhidos em qualquer estado. “O SUS é universal e temos que atender a todos que chegam aqui”, explica o secretário de Saúde, Juracy Lacerda.

O gestor, porém, ressalta a importância de um planejamento realista. No caso do câncer, por exemplo, a projeção do Instituto Nacional de Câncer (Inca) é de 7 mil novos casos anuais entre a população do DF. Mas, se a capital federal tiver a responsabilidade de cuidar de moradores da região do Entorno, será necessário um planejamento para 9 mil ocorrências ao ano.

“Para unirmos força, é fundamental que tenhamos diálogo com os outros secretários e com o Ministério da Saúde. O caminho é o diálogo”, reforça Lacerda. Conversas que, hoje, o titular da SES-DF já mantém com seus pares de Goiás e Minas Gerais, estados de onde chegam a maior parte dos pacientes fora do planejamento. A título de exemplo, em 2024, mais de 47% das internações de cidadãos moradores dos 33 municípios da Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno (Ride-DF) ocorreram nos hospitais da SES-DF.

“A meta é definir responsabilidades entre as partes, encontrando soluções perenes para o atendimento da população do DF e dos municípios vizinhos”, complementa o secretário.

 

Com Agência Brasília 

VEJA TAMBÉM

Comentar

Please enter your comment!
Please enter your name here

RECEBA NOSSA NEWSLETTER

Este campo é necessário

VEJA TAMBÉM