Maria José Rocha Lima [1]
Meu amigo Osvaldo Fiuza, assessor por vários anos na Secretaria de Governo do Palácio do Planalto, vem me brindando com o compartilhamento de excelentes artigos. Ele me presenteou com um primoroso artigo de José Roberto Guzzo[2] publicado na Revista do Oeste, de 20/05/2022, que revela a confissão de Alexandre Morais de que o que assusta os ministros do STF é “a voz dos imbecis”.
Um artigo que deve ser lido na íntegra Aqui, destacarei alguns parágrafos para convidá – los à leitura e abaixo deixarei o link.
No título e na epígrafe, nos diz Guzzo: “A Voz dos Imbecis – Não são os disparos automáticos, os ‘robôs’ e os algoritmos que incomodam o Supremo. O que assusta a todos eles, na verdade, é o que as pessoas têm a dizer”.
E Guzzo inicia a sua análise:
“A Imprensa, o Supremo Tribunal Federal e a esquerda que vive da compra, venda e aluguel de más ideias descobriram há tempos os seus piores inimigos — as redes sociais. É um sinal dos tempos, e um sinal bem ruim, que se considere pecado mortal aquilo que é uma das mais espetaculares conquistas do espírito humano: a internet é resultado direto do avanço da ciência e da tecnologia, e, quando o progresso é tratado como se fosse uma manifestação do mal por uma parte da sociedade, estamos com um problema evidente. Ninguém diz, é claro, que é contra o progresso. Mas todos os que hoje combatem a atuação das redes sociais na política, e especialmente nas eleições de outubro próximo, são contra o progresso de que não gostam — e o “conteúdo” das redes é o tipo do progresso de que não gostam nem um pouco. Na verdade, é mais simples do que isso. O inimigo da mídia, do STF e da federação dos “progressistas” não é a internet. É o público. Nada assusta tanto essa gente como um brasileiro de carne e osso com uma cabeça para pensar e uma voz para dizer o que pensa. Não deveria ser assim — ou, ao contrário, talvez tenha mesmo de ser assim”.
Guzzo aponta as razões para tanto desespero com a internet. E eu didaticamente as enumerei:
O que atrapalha a vida dos meios de comunicação de massa hoje em dia é a falta de massa, ou seja, de leitores, de ouvintes e de telespectadores; O problema do STF é a recusa em respeitar as funções que lhe foram atribuídas pela Constituição Federal”; “A esquerda, enfim, sofre com a escassez de votos em quantidade suficiente para formar uma maioria clara no Brasil. Em vez de se concentrarem na busca de soluções para estas dificuldades, porém, ficam irados com a internet”; A mídia está ressentida com as redes sociais porque elas lhe tiraram o público — ou, mais exatamente, a relevância que imaginavam ter junto ao público.
O autor aponta uma razão nº 5: “O STF se enerva porque não pode eliminar a imagem miserável que tem junto à população nas redes; pode prender o deputado Daniel Silveira, socar inquéritos nos inimigos políticos e aterrorizar senadores e deputados, mas não controla o que se diz pela internet”.
Explica o jornalista: “Até há pouco só a mídia, os supremos tribunais e as elites tinham condições de expor o que pensavam; a liberdade de expressão só se aplicava à “gente bem”, com dois ou três sobrenomes, dinheiro no banco e curso de “humanas”. Hoje, por força das redes, todo mundo fala e, principalmente, todo mundo fica sabendo o que se fala”.
Para J. R. Guzzo, “se Moraes considera “imbecis” os que discordam das suas posições políticas, qualquer um pode dizer a mesma coisa dele. A humanidade que existe na vida real é essa aí. É duro, com certeza; a maioria dos 8 bilhões de habitantes da Terra, e dos 200 milhões de brasileiros, não é de grandes pensadores, nem de Einsteins”.
E completa:
“Mas se são ‘imbecis’ ou não, como repete o ministro Moraes, não vem ao caso; são seres humanos com direitos iguais ao dele, ou de qualquer pessoa, a expressarem o que pensam em público. O que dizem nas redes é o que têm dentro de si; se o que têm dentro de si são essas coisas que estão dizendo, sentimos muito, mas é inevitável aceitar”.
R.J.Guzzo conclui: “O que o STF, a mídia e a esquerda querem é restringir, limitar e reprimir o pensamento. Isso é a marca mais clássica das ditaduras”.
[1] Maria José Rocha Lima é mestre em educação pela Universidade Federal da Bahia. Foi deputada de 1991 a 1999. É presidente da Casa da Educação Anísio Teixeira. Membro da Soroptimist International-SI- Brasília Sudoeste.
[2] Jornalista R. J. GUZZO. A VOZ DOS IMBECIS. 20 DE MAIO de 2022 – J.R. Guzzo é jornalista. Integrante do Conselho Editorial de Oeste, foi um dos criadores da Veja, revista que dirigiu durante quinze anos, a partir de 1976, período em que sua circulação passou de 175.000 para 1 milhão de exemplares semanais. Correspondente em Paris e Nova York, cobriu a guerra do Vietnã e esteve na visita do presidente Richard Nixon à China, em 1972. Responsável pela criação da revista Exame, atualmente escreve no Estado de S. Paulo e na Gazeta do Povo. https://revistaoeste.com/revista/edicao-113/a-voz-dos-imbecis/
Perfeitas as colocações e argumentações elencadas pelo brilhante e honesto jornalista Guzzo.
Nós, mortais imbecies ( segundo o excelentíssimo ministro) os incomodamos muito por termos espaço e voz para expressarmos nossa indignação com os desmandos e mazelas de uma corte que se diz suprema ,mas que sabemos vil e em total dessintonia com a sociedade brasileira o cargo que exerce