
Miguel Lucena
As movimentações em torno do chamado Caso Master, com autoridades de alto coturno se desdobrando para salvar banco falido e atender interesses cruzados de concorrentes, revelam algo que muitos fingem não ver: quem realmente manda no sistema é o grande capital financeiro.
Não é o partido A ou B. Não é o líder X ou Y. Tampouco o discurso inflamado de ocasião. Quem manda é o capital. É ele quem decide para onde vai o dinheiro — essa grana que tanto ergue quanto destrói coisas belas, financia campanhas, elege bancadas, faz presidentes da República e também os derruba quando deixam de obedecer à lógica fria do sistema.
O poder real não pede voto nem faz comício. Atua nos bastidores, escreve as regras do jogo e cobra obediência. O resto é figuração, encenação institucional e ilusão popular cuidadosamente fabricada.
No fim das contas, a democracia até existe — mas frequentemente apenas como cenário. O roteiro, quase sempre, já vem pronto.


