
Miguel Lucena
As moças, belas nas fotos de perfil, não vendiam só ilusões virtuais — ofereciam encontros carnais com promessas de prazer rápido. O freguês, fisgado pela pressa e pelo desejo, embarcava sem cautela.
Mal fechava a negociação, vinha o golpe: “Você vai pagar dobrado e nem triscar em mim, senão o PCC arranca tua biloca!”. A ameaça vinha crua, sem verniz, acompanhada de um “currulepe” verbal que desmontava qualquer valentia do cabra.
Era a queda: o sujeito despencava do céu da fantasia para o chão duro da chantagem. Era também o coice: o impacto de descobrir que, em vez de amante de aluguel, comprara a própria humilhação.
No fim, o cliente saía mais leve no bolso e mais pesado na vergonha. E as damas do golpe seguiam o jogo, como cavaleiras de um submundo onde a carne é só isca, e o verdadeiro negócio é o medo.