Derrubada do socialista Salvador Allende em 1973 deu início a uma das ditaduras mais sanguinárias da América Latina.
Os protestos para marcar 48 anos do golpe militar do ditador Augusto Pinochet contra o governo do socialista Salvador Allende no Chile tiveram incidentes entre manifestantes e policiais.
Com bandeiras do Chile, do Partido Comunista e de outros grupos políticos de esquerda, centenas de pessoas marcharam perto do Palácio La Moneda -no centro de Santiago- para deixar flores no monumento a Allende, que se suicidou no meio do bombardeio militar que Pinochet ordenou contra a sede do governo chileno em 11 de setembro de 1973. O ataque encerrou o mandato do presidente socialista.
O golpe deu lugar a uma das ditaduras mais sangrentas da América Latina, liderada por Pinochet durante 17 anos, na qual mais de 3.200 pessoas morreram ou desapareceram enquanto cerca de 40.000 foram torturadas, segundo dados oficiais.
“É um 11 de setembro doloroso, porque vivemos novamente as violações dos direitos humanos, mas também esperançoso porque todo o Chile e o mundo são atormentados por comemorações para que essas violações nunca mais ocorram”, disse Lorena Pizarro, presidente da Associação de Detidos e Desaparecidos do Chile.
Milhares de pessoas marcharam pela Alameda, a principal avenida de Santiago, causando alguma destruição e incêndios em pontos de transporte público, além de saques a lojas.
Os manifestantes foram até o Cemitério Geral da cidade, em uma peregrinação que acontece todos os anos, onde novamente houve confrontos com a polícia, que dispersou a multidão com lançadores de água e gás lacrimogêneo. Ao menos seis pessoas foram presas.
A comemoração do 11 de setembro deste ano acontece no contexto da eleição presidencial de 21 de novembro e também da elaboração de uma nova Constituição que deve substituir a atual – herdada da ditadura -, tarefa a cargo de 155 constituintes que têm um ano para redigi-la.
“A Convenção Constitucional deve se encarregar das garantias de não repetição (das violações dos direitos humanos) e das Forças Armadas e da Polícia”, acrescentou Pizarro.
Dezenas de militares e agentes da ditadura foram condenados no Chile por crimes ocorridos durante a ditadura, enquanto a justiça italiana solicitou em agosto a extradição de três ex-militares pelo assassinato de dois italianos durante o regime de Pinochet.