PMs lotados no Departamento de Logística teriam feito “vista grossa”, por exemplo, para esquema relacionado à manutenção das Pajeros
Contratos relacionados à manutenção e compra de viaturas da Polícia Militar estão no centro do escândalo investigado pela Operação Mamon, do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), deflagrada na manhã desta terça-feira (14/11). Um deles trata da aquisição de 315 veículos modelo ASX, da Mitsubishi, cada um no valor de R$ 124,3 mil, totalizando R$ 39,1 milhões.
Promotores da Justiça Militar (PJM), do Centro de Informações (CI) e do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) suspeitam que licitações podem ter sido direcionadas e propinas cobradas em troca do pagamento das notas de serviço.
As apurações — feitas com a colaboração da Corregedoria da PMDF — também identificaram, entre outros crimes, que responsáveis pelos pagamentos no Departamento de Logística e Finanças (DLF) da PM faziam “vista grossa” para um esquema que envolvia a manutenção das viaturas modelo Pajero (foto de destaque). Peças dos veículos, que deveriam ser trocadas, jamais eram substituídas, apesar de os pagamentos serem feitos. Durante a primeira fase da ação, o coronel Francisco Feitosa, chefe do DLF, foi preso.
Dezenas de documentos relacionados aos contratos de manutenção, computadores e pendrives foram apreendidos pelos promotores e serão analisados. Existem indícios que o esquema teria se perpetuado nos últimos cinco anos, sempre beneficiando oficiais do DLF.
Um dos empresários que afirmou ter sido achacado por policiais lotados no departamento. “Atualmente, não presto mais serviços para a corporação, pois desisti de ser vítima de extorsão. Para liberarem minhas notas de serviço, queriam receber propina. Nunca paguei e, por isso, jamais recebi o que me era devido”, disse.
Operação Mamon
Além do DLF, os promotores cumpriram mandado de busca e apreensão na residência do coronel Francisco Feitosa, em Vicente Pires. Ele é suspeito de exigir propina para a liberação dos valores devidos pela corporação aos serviços prestados por empresários.
A reportagem apurou que outros militares lotados no departamento são alvo da operação. A operação foi batizada de Mamon, termo derivado da Bíblia, usado para descrever a cobiça.
O comandante-geral da PMDF, coronel Marcos Nunes, afirmou que a corporação está colaborando com as investigações e que não há o que esconder. “Se crimes praticados por policiais militares forem confirmados, vamos cortar na carne. A PMDF sempre foi reconhecida por ser uma instituição livre de corrupção e será mantida assim”, ressaltou.
Fonte: Metrópoles