Arnaldo Niskier, presidente do CIEE/RJ
O Conselho Nacional de Educação costuma ter os seus olhos voltados ao ensino superior. E não tem pouco trabalho. Há uma incrível expansão, notadamente na educação à distância.
Mas agora, sob o competente comando da professora Maria Helena Guimarães, resolveu cuidar mais de perto também do ensino médio, que requer atenção especial. E está propondo uma importante inovação: a criação da cadeira intitulada “Projetos de Vida”, que seria oferecida a todos os alunos do ensino médio, em nível nacional.
O CNE está sendo sensível à realidade. Há uma clara criação de novas situações de emprego, em virtude da nossa política de desenvolvimento. Veja-se o caso da Informática, com as suas incríveis potencialidades. São múltiplas as oportunidades em nível intermediário, inclusive abrindo-se o mercado para a formação no pós-secundário. No Rio de Janeiro, por iniciativa da Secretaria de Estado de Educação, já houve uma experiência que julgamos positiva, quando foram criados em 1981 os cursos nas áreas de Estruturas Navais e Administração de Empresas. Qual foi o pecado? A quebra do processo, ou seja, na gestão seguinte isso tudo foi interrompido, ficando na saudade.
Hoje, apesar dos sobressaltos causados por uma política errática, não há dúvida de que o país cresce. Precisa de recursos humanos em áreas determinadas, como no Meio Ambiente. A educação ambiental é prioritária, em todos os níveis. Uma forma de conter o descalabro de queimadas a torto e a direito é ter quem cuide dos nossos interesses e necessidades em áreas específicas do Pantanal e da Amazônia, alvos da cobiça internacional e da desídia dos nossos governantes. Se o Brasil criar barreiras só poderá prosperar com recursos humanos bem formados e dotados do indispensável patriotismo. As escolas terão que exercer um papel primordial nessa política.
Devemos deixar claro que existe outra área de grandes possibilidades e que estamos acordando para isso. É o campo biomédico, que registra muitas carências. Nos países que se desenvolveram e atuaram a tempo e a hora, na crise do Covid-19, pode-se registrar uma forte presença do ensino médio, como aconteceu na Alemanha e no Estado de Israel. Estamos acordando para essa realidade.