Edson Mintsu Hung já reativou, pelo menos, 15 aparelhos. Equipamentos são fundamentais no tratamento de pacientes com Covid-19.
Um professor de engenharia elétrica da Universidade de Brasília (UnB) está usando o tempo livre para ajudar hospitais públicos do Distrito Federal no combate a pandemia de Covid-19. Desde o começo deste ano, Edson Mintsu Hung conserta respiradores.
que já reativou, pelo menos, 15 aparelhos, que estavam parados nos hospitais. O professor conta que o projeto começou a partir de uma iniciativa do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai).
O projeto +Manutenção de Respiradores viabilizou o conserto de mais de 2 mil respiradores no Brasil, em 2020, no entanto, encerrou as atividades. Edson decidiu abraçar a causa por conta própria, como voluntário e, toda semana, ele passa dois ou três dias visitando os hospitais do DF para ver como pode ajudar.
“Eu fiquei sabendo do projeto logo no começo da pandemia, em março. O Senai tinha um ponto de manutenção em Taguatinga, e eu comecei a trabalhar na iniciativa em abril. Mas a estrutura foi desmobilizada em dezembro”, conta o professor.
Na minha área eu já tinha conhecimentos em desenvolvimento, sistema e manutenção de produtos eletrônicos. Alguns problemas nas máquinas dá para resolver sem nem gastar dinheiro”, diz o voluntário.
Aparelhos quebrados em hospitais do DF — Foto: Arquivo Pessoal.
Segundo o professor, os equipamentos são caros, mas nem sempre é preciso comprar peças novas. “Há duas semanas, foi possível consertar três equipamentos no Hran, trocando peças entre eles. O bom é que rapidinho os hospitais já podem utilizar os equipamentos de novo”, diz.
Para conseguir as peças, além de usar as que permanecem boas nos equipamentos desativados, ele conta com apoio financeiro do Ministério Público do Trabalho, que reverteu multas trabalhistas para o projeto. No entanto, lembra ele, os recursos são limitados.
“Eu seleciono os equipamentos com menos problemas, que podem ser resolvidos com gastos entre R$ 10 mil e R$ 15 mil. Quando a manutenção é cara demais, quase o preço de um equipamento novo, não vale a pena”, explica.
Aparelho reativado pelo professor da UnB, Edson Mintsu Hung — Foto: Arquivo Pessoal.
A pandemia de Covid-19 no DF
De acordo com o boletim divulgado pela Secretaria de Saúde, nesta sexta-feira (26), o Distrito Federal somava 5.674 mortes por Covid-19 e 337.294 pessoas infectadas. Os respiradores são aparelhos essenciais no tratamento dos pacientes.
Brasília enfrenta um dos piores cenários desde o início da pandemia, com hospitais lotados e falta de leitos de UTI. O consumo de oxigênio mais que dobrou desde o mês de janeiro.
Até a última segunda-feira (22), os hospitais públicos do Distrito Federal receberam 1,8 milhão de metros cúbicos (m³) de oxigênio da White Martins – principal fornecedora. Segundo a empresa, o volume representa uma alta de 112% da demanda em relação ao mesmo período do ano passado, ou seja, mais que o dobro.
A Secretaria de Saúde diz que “as enfermarias possuem uma limitação física de espaço, que comporta um número limitado de leitos e, consequentemente, um número limitado de pontos fixos de oxigênio”, sendo “necessária a utilização de cilindros de oxigênio portáteis para suportar o volume de atendimento nesse momento”.
Nas últimas semanas, profissionais de saúde compartilharam imagens do que eles chamam de “gambiarras” para proporcionar oxigênio para mais de um paciente, usando o mesmo ponto de oxigênio. Houve ligações entre salas de internações diferentes.
Apesar dos registros, o secretário de Saúde Osnei Okumoto afirmou, na última semana que “desconhece gambiarra” nos hospitais do DF.