Frutuoso Chaves
Os da minha geração sequer haviam nascido quando o pernambucano Péricles publicou, pela primeira vez, na Revista O CRUZEIRO, o seu Amigo da Onça. No final de 1961, o criador morreu e a criatura ficou por dois anos aos cuidados do parceiro Getúlio Delphim. O cartunista Carlos Estevão, outra pena admirável d’O CRUZEIRO, assumiu o desenho até 1972, sem repetir o sucesso do original.
A inspiração adveio da conhecida anedota. Um sujeito perguntou ao outro: “O que você faria se uma onça aparecesse?”. Resposta: “Metia-lhe a espingarda”.
Prossegue a conversa:
– Se o tiro falhasse?
– Danava-lhe o facão.
– Se estivesse sem facão?
– Um pedaço de pau.
– Se nem pau tivesse?
– Subia numa árvore.
– E se não houvesse árvore por perto?
O outro, revoltado, encerra a conversa: “Olha, aqui. Você é meu amigo, ou amigo da onça?”.
A criação de Péricles, de tão difundida, inverteu o processo. Ou seja, o próprio desenho passou a representar a figura real do mau amigo.