Pontífice renovou seu apelo por um cessar-fogo e o fim da guerra em Gaza. O cardeal Pierbattista Pizzaballa, patriarca latino de Jerusalém, e Patriarca Ortodoxo Grego Teófilo III visitaram o local nesta sexta-feira (18).

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, entrou em contato com o Papa Leão XIV nesta sexta-feira (18), um dia após o governo israelense admitir que atingiu por engano a única igreja católica da Faixa de Gaza, a Igreja da Sagrada Família.
Durante a ligação, de acordo com comunicado divulgado pelo Vaticano, o pontífice renovou seu apelo por um cessar-fogo e o fim da guerra em Gaza, e expressou sua preocupação com a “dramática” situação humanitária no enclave palestino.
Leão também enfatizou a necessidade urgente de proteger locais de culto, os fiéis e todas as pessoas nos territórios palestinos e em Israel.
Segundo a Santa Sé, nesta sexta, o papa também conversou por telefone com o cardeal Pierbattista Pizzaballa, patriarca latino de Jerusalém, que foi para Gaza com ajuda humanitária após o ataque e visitou o local.
“O Papa Leão XIV telefonou para o Patriarca Latino de Jerusalém, cardeal Pierbattista Pizzaballa, que, juntamente com o Patriarca Ortodoxo Teófilo III, entrou em Gaza com ajuda humanitária, após o bombardeio israelense à paróquia católica na Faixa de Gaza”, anunciou o Vaticano em suas redes sociais.
Israel admitiu ataque
Israel reconheceu nesta quinta-feira (17) que uma de suas munições atingiu por engano a única igreja católica da Faixa de Gaza, a Igreja da Sagrada Família. O ataque deixou três mortos e nove feridos, segundo os responsáveis pelo templo.
Em comunicado, o gabinete do primeiro-ministro israelense disse “lamentar profundamente” o incidente e afirmou que está investigando o caso.
“Israel lamenta profundamente que uma munição perdida tenha atingido a Igreja da Sagrada Família, em Gaza. Toda vida inocente perdida é uma tragédia. Compartilhamos a dor das famílias e dos fiéis”, afirmou em nota.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2025/8/H/nx7sVxQzyG8FP9jHsAlg/afp-20250717-672k3we-v3-midres-topshotpalestinianisraelconflictchristianitychur.jpg)
Igreja Católica na Faixa de Gaza foi atingida por ataque de Israel, em 17 de julho de 2025 — Foto: Omar Al-Qattaa/AFP
O Vaticano confirmou que a igreja foi “atingida diretamente” por um tanque de guerra. Segundo a Igreja Católica, fiéis e refugiados estavam dentro do templo no momento do bombardeio. A paróquia abriga cerca de 500 cristãos deslocados pela guerra.
Entre os feridos, dois estão em estado grave e um em condição crítica. O pároco argentino Gabriel Romanelli, que costuma atualizar o Vaticano sobre o conflito, sofreu ferimentos leves.
O papa Leão XIV disse estar profundamente entristecido com o ataque. Ele lamentou o caso e voltou a pedir um cessar-fogo imediato em Gaza, onde Israel e o grupo terrorista Hamas estão em guerra desde outubro de 2023.
Em nota, o Patriarcado Latino em Jerusalém, responsável pela paróquia, condenou o ataque e afirmou que “nada pode justificar a violência contra civis inocentes”.
“Rezamos para que suas almas descansem em paz e pelo fim desta guerra bárbara”, diz o texto.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2025/t/z/slESg8QwOnyMA8R69tOw/afp-20250717-673e4we-v2-midres-palestinianisraelconflict.jpg)
Fiéis choram durante funeral de vítimas mortas em ataque de Israel que atingiu Igreja Católica de Gaza, em 17 de julho de 2025 — Foto: Omar Al-Qattaa/AFP
A primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, classificou o ataque como “inaceitável” e responsabilizou Israel. Além disso, o ministro das Relações Exteriores da França, Jean-Noël Barrot, também condenou o episódio e lembrou que a igreja está sob “proteção histórica” da França.
Já a Casa Branca afirmou que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ligou para o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, para discutir o ataque. Durante a conversa, o premiê disse ao norte-americano que o ataque foi um “erro”.
A Faixa de Gaza tem maioria muçulmana. Segundo o a Igreja Católica, apenas 135 católicos vivem no território palestino.
Desde o início da guerra, católicos e alguns cristãos ortodoxos têm buscado abrigo na paróquia atingida. O papa Francisco, que morreu em abril, costumava telefonar para fiéis da região e conversava com o responsável pela Igreja com muita frequência.
Comunicado divulgado pela Santa Sé
“Sua Santidade, o Papa Leão XIV, ficou profundamente entristecido ao saber da perda de vidas e dos ferimentos causados pelo ataque militar à Igreja Católica da Sagrada Família, em Gaza, e assegura ao pároco, padre Gabriele Romanelli, e a toda a comunidade paroquial sua proximidade espiritual.
Ao confiar as almas dos falecidos à misericórdia amorosa de Deus Todo-Poderoso, o Santo Padre reza pelo consolo dos que sofrem e pela recuperação dos feridos. Sua Santidade renova seu apelo por um cessar-fogo imediato e expressa sua profunda esperança por diálogo, reconciliação e uma paz duradoura na região.”