A operadora de saúde é investigada por supostamente ter usado, sem consentimento, pacientes como cobaias para o tratamento contra a covid-19
A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) nomeou a diretora técnica Daniela Kinoshihta Ota para acompanhar os trabalhos da Prevent Senior. A operadora de saúde é investigada por supostamente ter usado, sem consentimento, pacientes como cobaias para testar o tratamento precoce contra a covid-19. Também é suspeita de adulterar prontuários médicos e atestados de óbito. A direção da empresa nega as acusações.
De acordo com a medida, publicada no Diário Oficial desta quarta-feira, 13, a diretora técnica acompanhará os procedimentos da empresa “in loco” para identificar ações que coloquem em risco a continuidade e a qualidade do serviço prestado aos usuários da operadora. A Prevent Senior informou que a decisão da ANS é “positiva” para o esclarecimento dos fatos e que vai colaborar com a direção técnica.
Em nota, a ANS frisou que não se trata de uma intervenção e que a empresa continuará funcionando normalmente. A agência informou ainda que a decisão foi tomada em reunião da diretoria colegiada e reiterou que só tomou conhecimento das denúncias contra a Prevent Senior por meio da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga supostas irregularidades na gestão da pandemia de covid-19.
“É importante esclarecer que não se trata de uma intervenção, pois a ANS não interfere na gestão da operadora, mas de um acompanhamento com análises permanentes de informações e definição de metas a serem cumpridas pela operadora”, diz a nota
A partir desse diagnóstico, a operadora vai elaborar um Programa de Saneamento Assistencial (PSA). O documento definirá ações, responsáveis e prazos para as atividades. O regime de direção técnica tem duração máxima de 365 dias. Será concluído com a apresentação de um relatório feito pela diretora técnica. O documento será encaminhado à ANS, que decidirá quais medidas serão adotadas.
Prevent Senior nega obrigar médicos a receitar cloroquina
Em dossiê entregue à CPI, médicos que trabalhavam para a operadora em São Paulo relataram que medicamentos já sabidamente ineficazes contra a covid-19, como ivermectina e hidroxicloroquina, eram ministrados aos pacientes sem que esses soubessem.
O documento aponta que foram realizados estudos com os remédios sem as devidas autorizações. Afirma ainda que os médicos eram pressionados a prescrever os medicamentos. Há também denúncias de supostas alterações em prontuários médicos e de atestados de óbito. O objetivo seria esconder a covid-19. A Prevent nega todas as acusações.
Em depoimento à CPI na semana passada, o diretor-presidente da ANS, Paulo Roberto Rebello Filho, afirmou que não tinha conhecimento das denúncias. “Os fatos trazidos nessa CPI são de extrema gravidade”, disse Rebello Filho à CPI. “Fomos surpreendidos por essas novas denúncias.”
A nota da ANS informou que esta é a sexta vez que Daniela Ota atua como diretora técnica em um plano de saúde. Ela é formada em fisioterapia e gestão de saúde e tem MBA em saúde.
Também por intermédio de nota, a Prevent Senior informou que “vê como positiva a decisão da ANS. As análises técnicas e a inspeção da agência restabelecerão a verdade dos fatos. A Prevent vai colaborar com total transparência com o regime de direção técnica e com os demais órgãos fiscalizadores”.
Estadão Conteúdo