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Maria José Rocha Lima[1]
O vereador Rodrigo Teles, mineiro da cidade de São Francisco, historiador e atual presidente da AVAMS (Associação dos Vereadores da Área Mineira da Sudene), estimula a participação e é presença marcante na comunidade da região franciscana nas festas juninas. Para ele, as festas fortalecem a tradição, promovem o empreendedorismo cívico e são datas muito importantes para as pessoas religiosas.
Destaca Rodrigo Teles que o São João é uma festa muito popular, especialmente para as famílias como a sua. Ele lembra que, sendo filho de pedreiro e de uma mãe doméstica, as festas juninas constituíam uma oportunidade rara de convivência na vida em sociedade. “As pessoas têm necessidade de compartilhar, de conviver com as outras, vontade de fazer algo pela comunidade”.
Na semana passada, ele participou de festas que reuniram mais de 7 mil pessoas no interior de Minas. “É um período de congraçamentos, de partilha e de alianças e de conhecimento entre as pessoas e comunidades”, ressaltou.
Ainda segundo Rodrigo Teles, a evolução da festividade consiste no fato de que “toda aglomeração possibilita o incentivo ao convívio social, ao comércio, enfim, ao fortalecimento da economia local”. Ele, que iniciou na vida política aos 16 anos, assessorando o ex- prefeito e atual deputado federal Paulo Guedes, muito cedo entendeu o valor das festividades para o desenvolvimento social das comunidades. Nessas festividades ganham os músicos, cantores e todas as pessoas envolvidas na produção e prestação de serviços. São apreciadas e vendidas as paçocas, pamonhas, pipocas, bolos de fubá, canjicas, curaus, pés de moleque, maçãs do amor, vinho quente e quentão; curtidas e vendidas as bombinhas e rojões, os fogos de artifício, bandeirinhas e bandeirolas coloridas penduradas em varais de barbantes, chapéus de palha, camisas xadrez, calças com remendos. Sabemos que as festas juninas nasceram na Europa, ligadas à colheita, por isso trazem alegria e gratidão aos santos pela abundância. Quando os portugueses chegaram ao Brasil, a partir de 1500, trouxeram as tradições e festividades religiosas.
No dia 24 de junho, em Portugal, eles festejavam e festejam o nascimento de João Batista, que é o santo das comemorações juninas em Portugal.
Há poucos anos, eu participei no município português de Alcolchete da procissão de São João, inicialmente por terra e depois nas águas do Rio Tejo, com barcos e uma Galeota, conduzindo a imagem do Santo e são as “festas Joaninas” e não festas juninas.
Mas no Nordeste brasileiro, a Festa de São João foi secularizada e é um evento de dimensões impressionantes. A força de São João, sobretudo na região Nordeste do Brasil, tem ligação com a colonização do Brasil. Houve um enraizamento da cultura portuguesa, com São João sendo um forte representante.
A Fogueira de São João é uma presença viva no imaginário popular e religioso. Além de anunciar o nascimento de São João, que é associado com o anúncio da vinda do Cordeiro de Deus, isto é, Jesus, a fogueira é acesa no dia 23 para o dia 24 como o sinal da luz. Além disso, está no evangelho que a mãe de João Batista, Isabel, teria feito uma fogueira para avisar Maria que estava prestes a dar à luz e precisava de ajuda.
A importância do São João é tão grande que cidades como Campina Grande, na Paraíba, e Caruaru, em Pernambuco, reivindicam para si o título de donas do “maior São João do mundo”.
Por fim, o mês de junho ainda tem a data do martírio de São Pedro, um dos pioneiros do cristianismo. Nas festas populares, todo esse simbolismo, particularmente religioso, está presente, muito além da mesa farta.
[1] Maria José Rocha Lima é mestre em educação pela UFBA e doutora em psicanálise. Foi deputada de 1991 a 1999. É presidente da Casa da Educação Anísio Teixeira. É da Organization Soroptimist International Região Brasil e SI Brasília Sudoeste. Sócia Benemérita da Hora da Criança.