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Confirmado como pré-candidato do PSOL à Prefeitura de São Paulo, o líder sem-teto Guilherme Boulos tem, entre suas propostas, a regulamentação do trabalho de entregadores e motoristas de aplicativos. As ideias vão de um teto para o repasse do valor de corridas à criação de um fundo, destinado a auxílio-doença e previdência, abastecido com dinheiro que hoje entra no faturamento das empresas.
Citada em um pronunciamento de Boulos nas redes sociais logo após sua vitória nas prévias do partido, a proposta é um aceno a motoboys, que têm feito mobilizações nacionais por melhores condições de trabalho. A capital paulista já teve duas paralisações da categoria neste mês, que chegaram a reunir cerca de 5 mil entregadores no dia 1º de julho.
“Em São Paulo, a Uber faz o que quer, o iFood faz o que quer, Rappi faz o que quer. Num governo nosso, não vai ser assim”, afirmou. “É um absurdo ganhar tudo isso só por oferecer uma tecnologia. Não faz nada, não tem um carro.”
A estimativa é de que a capital tenha entre 40 mil e 60 mil motociclistas ativos nos serviços de entrega por aplicativo, segundo a Associação dos Motofretistas de Aplicativos do Brasil (Amab). Eles reivindicam uma tabela mínima de cobrança pelo serviço e o aumento do porcentual repassado aos motoboys pelas entregas. Pelo menos quatro propostas de regulamentação tramitam na Câmara dos Deputados há duas semanas.
Boulos classificou o ex-governador Márcio França (PSB), seu provável adversário na disputa, como um “candidato de direita”. “A construção política dele aqui em São Paulo foi ligada ao tucanato, ao (ex-governador Geraldo) Alckmin. Isso não é uma opinião de um adversário, é uma constatação da história política dele”, disse.
Nas redes, Boulos destacou pesquisa do instituto Ideia Big Data que o colocou em terceiro lugar em intenções de voto, atrás de França. Além disso, tentou se distanciar do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). “Tenho respeito e diferenças políticas com ele, não é por acaso que ele é do PT e eu sou do PSOL”, declarou.
Renda básica. Entre suas primeiras promessas na pré-campanha, Boulos também mencionou a criação de uma renda básica municipal e de uma tarifa zero para o transporte público. O plano é conceder a isenção de tarifa para desempregados inicialmente, e depois ampliar para outros setores da população.
O líder sem-teto defendeu ainda um modelo “radicalmente democrático, popular, socialista” de cidade, que atraia famílias mais pobres para o centro e, assim, retire a pressão das ocupações irregulares na periferia e às margens dos reservatórios de água da capital.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.