Ilustração/IA
Miguel Lucena
As pessoas que aderem a uma ideologia tendem a se isolar de informações que contradigam suas crenças porque isso preserva a coesão do grupo e reforça sua identidade. Esse fenômeno, conhecido como “viés de confirmação”, leva os indivíduos a buscar, interpretar e lembrar informações que confirmem suas ideias pré-existentes, enquanto rejeitam ou ignoram dados contrários. Na dinâmica ideológica brasileira, especialmente entre segmentos da direita, isso se intensifica com a desconfiança em relação aos grandes veículos de comunicação, vistos como “vendidos ao sistema”. Assim, criam-se bolhas informacionais, onde apenas canais próprios ou redes sociais são confiáveis, mesmo que sejam repletos de informações distorcidas ou falsas.
Esse comportamento reflete uma mistura de cinismo e ingenuidade. Muitos aceitam e propagam inverdades, conscientes de sua falsidade, como estratégia para fortalecer a narrativa de sua causa. Outros, por falta de senso crítico ou imersos na bolha, acreditam nas mensagens recebidas. Ambas as posturas revelam um “criticismo ético” comprometido: sacrificam a verdade em nome de uma visão que julgam maior ou mais importante. Essa realidade desafia o debate público, pois a verdade factual torna-se irrelevante diante da necessidade de preservar a coesão ideológica.