Ofuscada pela indefinição sobre o próximo governo, Petrobras cai 10% e cede à Vale o papel de queridinha da Bolsa de Valores
Privatizada em 1997, a Vale deixou de ser um assunto de governo há bastante tempo. Longe das polêmicas e incertezas sobre qual será a condução da economia sob a batuta de Lula, a mineradora disparou após o segundo turno das eleições e se descolou da sua “irmã mais nova”, a Petrobras.
No caso da petroleira, a incerteza é sobre como o governo federal vai interferir em sua política de preços de combustíveis – e, consequentemente, na sua capacidade de fazer dinheiro. Como a Petrobras disputa com a Vale o papel de ação mais relevante (e preferida) da bolsa de valores brasileira, é comum que, em momentos em que uma sai do holofote, a outra fique ainda mais em evidência.
Desde 31 de outubro, dia após o segundo turno das eleições que confirmaram que Lula será o próximo presidente, as ações da Vale subiram 22%. Já a Petrobras caiu quase 10% no mesmo período, embora os preços do petróleo no mercado externo tenham subido desde então. Geralmente, é a cotação internacional que dita os rumos das ações da empresa, mas o fator político ganhou mais peso.
“O resultado da eleição do Brasil aumentou a percepção de risco em relação à alocação de capital da empresa, e sua disposição de distribuir dividendos poderá em breve diminuir significativamente”, alertou o banco BTG Pactual, em um relatório distribuído a clientes na última semana.
China ajudando
Os preços do minério de ferro no exterior e o ritmo da economia da China, principal compradora dos produtos da Vale, são os pontos principais no radar de quem investe na mineradora.
É fato que o segundo ponto tem ajudado a aumentar o otimismo do mercado quanto ao futuro da empresa, uma vez que o governo chinês parece estar, finalmente, flexibilizando a política de covid zero no país. Com menos restrições, a indústria de siderurgia da China deve voltar a pleno vapor, o que tende a continuar impactar positivamente a Vale.
A soma do exterior positivo e dos ruídos políticos atrapalhando a Petrobras são um novo fôlego para uma alta dos papeis da mineradora. Analistas alertam, no entanto, que o início do inverno (que vai de novembro a abril na China) pode aumentar os casos de coronavírus e obrigar o governo local a recuar nas aparentes flexibilizações, o que poderia piorar a situação da Vale.