domingo, 09/03/25
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Por que ameaça de Trump de impor tarifas e mais sanções à Rússia não deve incomodar Putin

Declaração do presidente americano ocorreu após uma onda de ataques da Rússia à Ucrânia e marcou uma reviravolta na posição de Trump no conflito; há dúvidas, porém, sobre efetividade da medida, pois Moscou já está sob fortes sanções e tem conseguido contorná-las.

Ucrânia diz que usou jatos Mirage de fabricação francesa pela primeira vez para repelir ataque russo – (crédito: Repordução/X)

 

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta sexta-feira (7/3) que está considerando novas sanções e tarifas sobre a Rússia, após uma onda de ataques noturnos russos contra a Ucrânia.

Em sua conta no X (antigo Twitter), ele escreveu: “Com base no fato de que a Rússia está absolutamente ‘batendo’ na Ucrânia no campo de batalha agora, estou considerando fortemente Sanções Bancárias, Sanções e Tarifas em larga escala sobre a Rússia até que um Cessar-fogo e ACORDO FINAL DE PAZ SEJAM ALCANÇADOS.”

“À Rússia e Ucrânia, sentem-se na mesa agora mesmo, antes que seja tarde demais. Obrigado!!!”

A mensagem de Trump marca uma reviravolta na posição americana no conflito, até então marcada por uma aproximação do americano com a Rússia – o que provocou críticas da Ucrânia e de seus aliados europeus.

No entanto, para o correspondente de Segurança da BBC, Frank Gardner, é improvável que a ameaça de Trump incomode o governo russo.

“Comparado ao golpe colossal que a Ucrânia acabou de sofrer ao perder — mesmo que temporariamente — sua assistência militar e de inteligência dos EUA, a ameaça verbal do presidente Trump de sanções e tarifas à Rússia é uma espécie de alfinetada”, ele diz.

Mas Gardner lembra que a “Rússia já está sob as sanções ocidentais mais pesadas de sua história”.

“Ela conseguiu contorná-las em grande parte vendendo petróleo com desconto para a Índia e a China, enquanto importava muitos dos produtos que recebia anteriormente do Ocidente por meio de países como o Cazaquistão”, prossegue.

Também há relatos de que a China estaria ajudando a sustentar o esforço de guerra da Rússia — algo negado por Pequim.

O correspondente de Segurança da BBC afirma que Trump deve ter notado as “críticas de que toda a pressão [dos EUA] por um acordo de paz está sendo colocada apenas na Ucrânia, não na Rússia”.

“Então é possível que esta seja uma tentativa de se apresentar como mais imparcial. O problema é que simplesmente não sabemos o que foi discutido e o que foi acordado naquela ‘longa e altamente produtiva’ ligação telefônica de 90 minutos que Donald Trump anunciou repentinamente que teve no mês passado com o presidente russo”, diz Gardner.

Durante a campanha eleitoral, Trump prometeu acabar com a guerra entre Rússia e Ucrânia rapidamente, e conversas preliminares entre Rússia e EUA foram realizadas na Arábia Saudita no mês passado, sem representantes europeus ou ucranianos presentes.

No começo desta semana, o governo Trump anunciou a interrupção de toda ajuda militar dos EUA para a Ucrânia, após uma reunião na sexta-feira (28/2) entre Trump, o vice-presidente americano J.D. Vance e o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky na Casa Branca ter se tornado um debate acalorado diante das câmeras de TV.

A decisão dos EUA de suspender a ajuda militar à Ucrânia foi anunciada por funcionários do governo Trump como um meio de fazer Kiev cooperar com as negociações de paz lideradas pelos EUA.

Até então, não havia pressão correspondente dos EUA sobre Moscou que fosse de conhecimento público.

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Captura de tela mostra postagem de Trump na rede X com ameaça de sanções à Rússia

Repordução/X

Encontro na Arábia Saudita

Há expectativa de que negociações entre EUA e Ucrânia sejam realizadas na Arábia Saudita na próxima terça-feira (11/3), segundo informações do presidente Volodymyr Zelensky, em postagens nas redes sociais.

O líder ucraniano disse que estará no reino do Golfo, mas não participará das negociações.

Zelensky diz que espera “um encontro significativo” e que Kiev está trabalhando para uma “paz rápida e duradoura”.

Ezra Cohen, um ex-oficial de defesa dos EUA, está convencido de que um acordo de paz acontecerá no encontro na Arábia Saudita.

“O presidente Trump é um mestre em romper situações estagnadas. Há muitos exemplos disso – os Acordos de Abraão do primeiro mandato, rompendo a estagnação da paz no Oriente Médio – e ele está fazendo isso novamente aqui”, disse Cohen ao programa Today da BBC Radio 4.

“Ele está tentando não apenas reorganizar as peças no tabuleiro, ele está jogando as peças no chão e depois recolocando-as no tabuleiro.”

Uso de caças franceses

A declaração de Trump foi feita após a Ucrânia dizer que usou jatos Mirage de fabricação francesa pela primeira vez para repelir um ataque noturno à sua infraestrutura de energia.

A força aérea da Ucrânia diz que o ataque russo noturno teve como alvo principal a indústria de extração de gás ucraniana.

Teria envolvido 67 mísseis (incluindo 43 mísseis de cruzeiro, três mísseis balísticos Kalibr e oito mísseis Kh-59/69), bem como 194 drones, disse a força aérea em um comunicado.

Destes, 33 mísseis de cruzeiro, um míssil Kh-59/69 e 100 drones foram abatidos, afirma o órgão. Jatos F-16 e Mirage 2000 foram usados para repelir o ataque.

Ucrânia diz que usou jatos Mirage de fabricação francesa pela primeira vez para repelir ataque russo

Este foi o maior ataque russo envolvendo navios baseados no Mar Negro desde o início do ano, disse o porta-voz da Marinha ucraniana Dmytro Pletenchuk à TV ucraniana.

Mas, segundo ele, a frota russa do Mar Negro ainda está “menos ativa” do que no ano passado.

Pelo menos 18 pessoas, incluindo quatro crianças, ficaram feridas no ataque russo, relatam autoridades locais em toda a Ucrânia. Até agora, não houve relatos de fatalidades.

Em Kharkiv, a segunda maior cidade da Ucrânia, oito pessoas ficaram feridas, e “uma instalação de infraestrutura crítica”, bem como um edifício residencial foram danificados, disse o prefeito Ihor Terekhov.

Sete pessoas, incluindo duas meninas de três e quatro anos, ficaram feridas em Slovyansk, região oriental de Donetsk, quando a cidade foi alvo de duas bombas planadoras russas, segundo o chefe da administração militar da cidade, Vadym Lyakh. Ele acrescenta que cerca de 30 edifícios foram danificados ou destruídos.

Também na região de Donetsk, uma criança ficou ferida em Kramatorsk. Duas pessoas, incluindo uma criança, ficaram feridas nos entornos de Myrhorod, no centro da Ucrânia, quando destroços de mísseis caíram em sua casa, segundo a administração regional.

Confira imagens da destruição provocada pelos ataques.

 

 

 

 

 

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