Caso foi revelado pelo site Metrópoles. Secretaria da Segurança Pública confirmou que delegacia do aeroporto na Grande SP apura a denúncia. Grupo usa mães e filhos que fingem passar dificuldades financeiras ou que perderam os voos.
Por Roney Domingos, g1 SP — São Paulo
A Polícia Civil investiga a denúncia de uma quadrilha que contrata mulheres e crianças de aluguel no Aeroporto Internacional em Guarulhos, na Grande São Paulo. Eles fingem que estão passando dificuldades financeiras e que perderam seus voos para pedirem dinheiro de passageiros, segundo a denúncia. O caso foi revelado nesta quinta-feira (16) pelo site Metrópoles.
Procurada pelo g1, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) confirmou nesta sexta-feira (17) que a 3ª Delegacia de Atendimento ao Turista (Deatur) do Aeroporto de Guarulhos abriu inquérito para apurar denúncia do esquema ilegal no terminal. Em nota, a polícia informa que o Conselho Tutelar foi avisado.
“A Polícia Civil esclarece que a denúncia apontada pela reportagem é apurada pela 3ª Delegacia de Atendimento ao Turista (Deatur) do Aeroporto de Guarulhos, que instaurou inquérito policial visando ao esclarecimento dos fatos e responsabilização dos autores. A equipe da unidade oficiou o Conselho Tutelar. Por envolver menor de idade, detalhes serão preservados e o caso segue sob sigilo”, diz a nota.
Na reportagem, o site informa que um homem, a esposa dele e pelo menos 20 pessoas participam do esquema criminoso. Os golpistas conseguem lucrar até R$ 1 mil por dia com o esquema. Segundo especialistas em segurança ouvidos pelo g1, o grupo pode ser responsabilizado pelos crimes de falsidade ideológica, corrupção de menores e formação de quadrilha.
Ainda segundo a reportagem, o grupo chega ao aeroporto de carro. Eles tiram as malas do carro e seguem com mulheres e crianças para os portões de embarque para abordar os passageiros. Em seguida, pedem dinheiro alegando que estão com dificuldades ou que chegaram atrasados e perderam os voos.
Repercussão
Após a repercussão do caso, o presidente da Comissão de Direitos da Pessoa Humana da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), Emídio de Souza (PT), informou que apresentará ofício cobrando uma investigação da polícia sobre as denúncias.
“Como presidente da Comissão de Direitos da Pessoa Humana da Assembleia Legislativa de São Paulo, solicito imediata abertura de inquérito para que sejam tomadas as medidas judiciárias contra o meliante à frente desse crime”, escreveu o deputado em sua rede social.
Além de acionar a policia, a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia também enviará oficio ao Conselho Tutelar para pedir providências.
“O abuso de crianças para pedir dinheiro é uma barbaridade que não pode ser tolerada. Uma sociedade séria jamais deve permitir que crianças sejam expostas a esse tipo de situação. A justiça e a polícia precisam ser céleres. As notícias revelam que os criminosos atuam com a conivência de pais e o Conselho Tutelar precisa atuar para garantir que os direitos das crianças sejam respeitados e que elas saiam dessa situação degradante’, diz o parlamentar.
Procurado pela reportagem, o Conselho Tutelar em Guarulhos informou que não tinha conhecimento do caso, mas que recebeu as denúncias e as encaminhou à Polícia Civil.
Questionada sobre o que acontece no aeroporto, a GRU Airport, concessionária responsável pelo lugar, informou que cabe a Polícia Militar (PM) a fiscalização do que ocorre do lado de fora.
“GRU Airport presta apoio às autoridades públicas quando solicitada, e alerta os frequentadores do aeroporto por meio de avisos sonoros quanto à doação de esmolas, a fim de evitar a exploração infantil”, informa o comunicado enviado ao g1.
A concessionária informou ainda que o aeroporto opera cerca de 700 voos e atende 115 mil passageiros por dia.
Foto de capa: NELSON ANTOINE/ESTADÃO CONTEÚDO/ Arquivo g1* / Reprodução