Os búfalos -maioria fêmea- foram resgatados em 2021 da Fazenda Água Sumida, em Brotas, interior de São Paulo
Foto: Reprodução / Santuário Vale da Rainha – Instagram
FRANCISCO LIMA NETO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)
A Polícia Civil de São Paulo investiga o furto de 157 búfalos e 28 cabeças de gado que estavam sob a guarda do Santuário Vale da Rainha, em Cunha (223 km de SP). A subtração dos animais estaria ocorrendo desde março deste ano, segundo a ONG.
Os búfalos -maioria fêmea- foram resgatados em 2021 da Fazenda Água Sumida, em Brotas, interior de São Paulo. O caso ganhou repercussão em todo o país. O rebanho tinha sinais de maus-tratos e cerca de 200 animais morreram de fome e sede. Outros 900 foram salvos.
Segundo Patrícia Favano, uma das responsáveis pelo santuário, os animais são furtados para serem vendidos para outras fazendas. Os furtos começaram em março, sempre de noite. Os criminosos chegam em caminhões e tiram os animais por meio de cercas que são cortadas, para depois negociá-los ilegalmente com pecuaristas.
“Há seis meses o Vale da Rainha vive um terror, uma situação inóspita e dramática, silenciosamente, em função de uma investigação minuciosa para o descobrimento de crimes cometidos contra Mestres Animais. O Vale da Rainha foi vítima de sequestro”, afirma.
De acordo com a SSP (Secretaria da Segurança Pública), a investigação localizou, no último dia 24 de setembro, parte do rebanho em Pereiras, no interior de SP. No local, foram apreendidos 12 búfalos e 20 bovinos, que já foram reconhecidos.
“As investigações e diligências prosseguem com o objetivo de apurar a autoria e demais circunstâncias do crime”, acrescentou.
O Santuário Vale da Rainha recebe animais de grande porte abandonados ou em situação de maus-tratos. Desde novembro de 2023, a ONG cuida de cerca de 600 animais -entre búfalos e cavalos- resgatados da fazenda em Brotas
RELEMBRE O CASO
Em novembro de 2021, mais de 900 búfalos, a maioria fêmea, em situação de abandono -com baixo peso e sem água e comida- foram resgatados da Fazenda Água Sumida. Cerca de 200 morreram de fome e sede, de acordo com protetores de animais. No local também havia 72 cavalos e éguas, também com sinais de maus-tratos.
O pecuarista Luiz Augusto Pinheiro de Souza, dono da propriedade, foi preso em flagrante e multado em mais de R$ 4 milhões. Deixou a prisão no mesmo dia, após pagar a multa milionária e mais uma fiança de R$ 10 mil.
À Folha o pecuarista negou as acusações de maus-tratos e abandono. Quando foi feita a denúncia, segundo sua versão, era final de estiagem e os animais encontrados mortos ou mais magros do que o recomendado estavam idosos.
“Fui prejudicado porque perdi minha propriedade, meu sustento e tive uma prisão injusta. A alegação de maus-tratos e abandono das búfalas é uma mentira, um alarde desta ONG para obter vantagem econômica e publicidade, e o que eles têm feito é um estelionato”, afirmou Souza.
Desde janeiro de 2022, após determinação da 1ª Vara da Justiça de Brotas, os animais estavam sob os cuidados da ONG ARA. Porém, o Vale da Rainha e o outro santuário, o Rancho dos Gnomos, se uniram e solicitaram à Justiça autorização para cuidar permanentemente de todos. No dia 13 de novembro de 2023, a solicitação foi atendida, segundo a assessoria da ONG.