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A mídia europeia se tornou menos pluralista nos últimos anos, concluiu o relatório MPM2020 (Monitor de Pluralismo da Mídia), que identifica riscos com base em 20 indicadores em quatro áreas: segurança básica da atividade jornalística, pluralidade/concentração de mercado, independência política e inclusão social (acesso à mídia de minorias e de comunidades locais e regionais).
O relatório ressalta que a análise usa dados de 2018 e 2019, não refletindo portanto a piora adicional registrada desde o início da pandemia de coronavírus. Em países como a Hungria, por exemplo, o governo criou lei que permitia prender jornalistas que “atrapalhassem o combate à doença”.
O editor-chefe do Index, Szabolcs Dull, foi demitido após se recusar a fazer mudanças pedidas pela empresa, comprada em março por um empresário próximo do primeiro-ministro Viktor Orbán.
Na Polônia, entidades de liberdade de imprensa e observadores internacionais relataram uso da mídia pública para propaganda do governo durante a eleição para a Presidência, realizada neste mês.
A falta de independência política da mídia pública é citada como crítica especialmente na Europa Central e Oriental. A área de maior deterioração é a de concentração de mercado (na qual, na média, o ponteiro se aproxima do alto risco), vista como barreira à diversidade de pontos de vista e à qualidade de informação.
Fragilidade do modelo de negócios também é uma ameaça, mas o estudo aponta que a falta de dados econômicos, principalmente no campo digital, prejudica a análise.
Pela quinta vez consecutiva, o monitor concluiu que nenhum país analisado está livre de riscos para o pluralismo da mídia. Houve deterioração adicional de liberdade de expressão, acesso à informação e segurança dos jornalistas. “As condições de trabalho pioraram ainda mais, expondo os jornalistas a pressões externas e indevidas na maioria dos países examinados”, diz o monitor.
Nos dois anos retratados, houve cinco homicídios de jornalistas de grande repercussão: Jan Kuciak e Martina Kusnirova na Eslováquia, Lyra McKee na Irlanda do Norte, Jamal Khashoggi em Istambul e Viktorija Marinova na Bulgária.
“Ameaças a jornalistas no ambiente digital também se tornaram uma preocupação grave, principalmente contra mulheres”, afirma o estudo, citando como risco também leis que permitem acesso dos serviços de segurança nacional a dados telefônicos e de internet.
“É preocupante que as ameaças aos jornalistas costumem vir de políticos, que deveriam, em vez disso, garantir e melhorar o ambiente para os jornalistas”, diz o texto.
Implementado nos 27 membros da União Europeia desde 2016, o MPM avalia também o estado da mídia na Albânia, na Turquia e no Reino Unido.
Os resultados da versão 2020 devem ser incluídos também no relatório da UE sobre respeito a regras democráticas –área que pode, no futuro, afetar inclusive o repasse de fundos comuns europeus.