Homem é transferido da UPA de Ceilândia para o HRAN com suspeita de COVID-19. Hospital Regional da Asa Norte (HRAN). Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles
De acordo com especialista, boa estrutura da capital do país pode fazer com que imunização em massa chegue mais rápido em Brasília
Um estudo feito de forma independente confirma as previsões do Governo do Distrito Federal (GDF) de que o pico do novo coronavírus na capital do país será em julho. A estimativa vem acompanhada de más e boas notícias. Por um lado, o índice de infectados deve subir cerca de quatro vezes em menos de um mês e meio. De outro, a boa estrutura mostrada até agora no tratamento dos pacientes com a doença pode adiantar o processo de imunização em massa da população.
De acordo com o boletim divulgado às 12h dessa quinta-feira (04/06) pela Secretaria de Saúde, o DF registrava 12.251 casos de Covid-19 e 178 mortes. A pesquisa da Funcional Health Tech, empresa que trabalha com big data para mais de 100 operadoras do setor no Brasil, aponta que o pico da Covid-19 será no dia 13 de julho, com um máximo de 41.487 mil infectados ativos no DF.
Confira:
O total previsto descarta os recuperados e os óbitos, e considera dados complexos, modelagens matemáticas e sistemas de inteligência artificial. O número pode mudar, dependendo de novas medidas adotadas pelo governo nos dois extremos: seja de flexibilização, seja pelo retorno de atividades ainda suspensas.
“Adotamos também a realidade brasileira. Lá fora, olham para o Brasil como um único número, mas nós observamos as regiões separadamente. São muitos brasis dentro de um único país”, considera Raquel Marimon, diretora-executiva da Funcional. Segundo ela, especificamente no Distrito Federal, existem algumas vantagens, apesar de um número tão alarmante para julho.
Raquel Marimon, diretora-executiva da Funcional Health
Estrutura de tratamento
De acordo com Marimon, existem a perspectiva de que, depois do pico, haja sempre mais pessoas recuperadas do que infectadas. Como a capital tem também um maior volume de leitos e estrutura melhor de tratamento, o sistema suporta com mais eficácia as pessoas internadas.
“No geral, o DF tem a capacidade de gerenciar o volume de infectados com capacidade de tratamento”, opina. Existe outra perspectiva otimista, mas que depende de um novo protocolo social que já deveria estar sendo adotado pela população, como maior higienização, afastamento social e uso de máscaras.
Raquel Marimon diz que a forma de a Covid-19 se tornar uma doença contornável está no tratamento assertivo (uma forma efetiva de cuidar do doente, por exemplo, com uso de coquetel de remédios), na vacina ou na imunização em massa. O último caso ocorre quando metade da população se recuperou e não transmite mais o vírus.
Ela acredita que o Distrito Federal pode ter essa imunização em massa (também chamada de imunidade de rebanho) porque recebe muita gente do Brasil e do mundo todo. E com menos óbitos, exatamente pelas condições de tratamento. “Só tem que tomar cuidado com quem sai do DF, para que não espalhe para o país”, analisa.
Novos hábitos
De qualquer forma, diz Marimon, a vida como antes vai demorar a ser repetida. “Vamos ter que sair de máscara, manter distanciamento, repensar quando vamos fazer aquela viagem sonhada”.
O estudo da Funcional Health Tech é inédito e foi desenvolvido por cientistas de dados. “O ideal seria que esse tipo de análise chegasse a todas as regiões do país para que os responsável pela saúde desses locais tomassem os devidos cuidados”, conclui.
No Brasil, o levantamento aponta que o pico de contaminação será em 6 de julho, com 1,780 milhão de contaminados, ou seja, 0,85% da população. O código-fonte do estudo se encontra disponível no link https://github.com/funcional-health-analytics/covid19-analytics para organizações públicas e privadas de saúde.
GDF
Oficialmente, o GDF não trabalha mais com expectativa de pico da pandemia, nem fala sobre o assunto atualmente. Nos bastidores, estudos chegaram a projetar esse máximo de casos para agosto, com um número mais baixo do que existe hoje. Porém, já existe a perspectiva de que o pico da Covid-19 ocorra realmente em julho.
“Essa é uma doença de aspecto sazonal e o pico de sua incidência vai até julho, englobando o inverno, período em que aumenta a circulação de vírus, resultando em maior número de casos”, dizia comunicado de estudo obtido, em fevereiro, pela reportagem.
Em maio, ao falar dos estudos sobre o retorno das aulas, o governador Ibaneis Rocha (MDB) também citou julho como mês com provável faixa mais alta de casos da Covid-19. Internamente, com a liberação de comércio, parques e igrejas, entre outras atividades, esse cenário é aceito.
*Com informações do Metrópoles (Manoela Alcântara e Leonardo Meireles)