A presidente da Petrobras, Graça Foster, disse nesta terça-feira (27) durante depoimento à CPI da Petrobras que hoje a empresa não compraria novamente a refinaria de Pasadena, no Texas (EUA). A transação, concretizada em 2006, é alvo de investigações do Ministério Público Federal (MPF) e do Tribunal de Contas da União (TCU) devido a suspeitas de irregularidades.
No mês passado, em depoimento no Congresso, ela já tinha afirmado que a aquisição “não foi bom negócio”.
Nesta terça, Foster voltou a dizer que, “à luz da situação atual”, os números mostram que a compra da planta de refino norte-americana “não foi um bom negócio”. Num futuro próximo, segundo a presidente da petroleira, é possível que o negócio se torne interessante, “mas não seria feito novamente com as projeções e estratégias atuais”, declarou aos quatro senadores governistas que participam da reunião da CPI.
“Hoje, sabedores da venda de uma refinaria do porte de Pasadena, com a decisão de fazer refino no Brasil, com descoberta do pré-sal e com o mercado interno crescente, a Petrobras não faria aquela aquisição porque definitivamente não seria prioridade”, afirmou.
Responsabilidade de Dilma
Perguntada pelo relator, José Pimentel, se considera a presidente Dilma Rousseff responsável pela compra de Pasadena, Graça Foster negou. Dilma era ministra da Casa Civil na época da aquisição e presidia o Conselho de Administração da Petrobras.
“Não. A responsabilidade da compra é da diretoria da Petrobras, que fez a apresentação ao Conselho de Administração. Nos dois casos, todos nos manifestamos 100% favoráveis à aquisição. É uma responsabilidade do colegiado”, respondeu Foster.
Na semana passada, o ex-presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, também isentou Dilma da responsabilidade. Na ocasião, disse que Dilma é uma “profissional extremamente competente” e de “opiniões firmes”, mas declarou que as decisões do Conselho Administrativo são colegiadas e que não competiam apenas a ela.
Mudança na estratégia
A presidente disse que, após a compra de Pasadena, a estratégia da Petrobras mudou devido à descoberta do pré-sal. A empresa deixou de priorizar o refino de óleo pesado brasileiro no exterior e passou a aumentar o investimento na extração de petróleo em águas profundas.
Ela destacou que, em 2006, quando a compra foi aprovada pelo Conselho de Administração da Petrobras, o negócio foi considera “potencialmente bom” não apenas pelo alto escalão da petroleira, mas também por analistas internacionais.
Atualmente, porém, apesar de ter tido lucro positivo nos últimos três meses, Pasadena “é um negócio de baixo potencial de retorno”, conforme a presidente.
Preço do negócio
Foster voltou a rebater o valor pago pela petroleira belga Astra por Pasadena antes de revendê-la ao Brasil. Segundo reportagens, a belga pagou US$ 42,5 milhões à Crown, valor muito inferior aos US$ 360 milhões desembolsados posteriormente pela Petrobras pelo negócio.
A presidente disse ainda que a Astra não tinha intenção de “especular” durante a negociação com a Petrobras. “A Astra não comprou para especular senão não teria oferecido à Petrobras 50%. Foi uma parceira construída para dar certo”, afirmou.
Convocação de ex-diretor
Mais cedo, a comissão aprovou requerimento de convocação do ex-diretor de Abastecimento e Refino da Petrobras Paulo Roberto Costa.
Ele foi um dos 13 presos na Operação Lava Jato, da Polícia Federal, suspeito de integrar uma quadrilha que movimentou mais de R$ 10 bilhões em operações de lavagem de dinheiro. Costa acabou liberado por decisão do ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal.
Conforme as investigações, o ex-diretor da Petrobras ajudou empresas de fachada mantidas pelo doleiro Alberto Youssef a fechar contratos com a estatal. Entre esses contratos aparecem as obras da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. Nessa operação, a PF estima que foram desviados até R$ 400 milhões da obra, considerada superfaturada pelo Tribunal de Contas da União.
O requerimento que pede a convocação do ex-diretor foi apresentado pelo líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), e foi aprovado por unanimidade nesta manhã. Apenas senadores aliados ao governo têm participado das sessões da CPI. A oposição se recusou a participar da CPI porque pretende pressionar pela instalação de uma comissão mista, com presença também de deputados.
Fonte: G1