Levantamento publicado hoje mostra que homens brancos, das regiões sul e sudeste não se veem representados pelo governo. “Falar para a própria base têm consequências”, diz o diretor da Quaest Pesquisa e Consultoria, Felipe Nunes.
Lula em evento no Rio de Janeiro — Foto: Reprodução/Canalgov
Por Daniela Lima/g1*
A nova pesquisa Quaest traz alertas importantes para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Declarações e oscilações sazonais nos preços, nas últimas semanas, cobraram rapidamente um preço na popularidade do petista, que viu a rejeição já existente em setores refratários a ele subir exponencialmente.
A comparação da guerra em Gaza com a Segunda Guerra Mundial repercutiu majoritariamente mal, mas especialmente entre os evangélicos. “Há, sim, uma identidade desse grupo com Israel, o que fez com que a rejeição à fala de fosse ainda maior”, afirmou o Professor Felipe Nunes.
No geral, 60% dos eleitores trataram a fala de Lula como “exagerada”. Entre os evangélicos, o percentual saltou para 69%.
Um aumento sazonal no preço dos alimentos acabou também por corroer parte da base Lula e – por fim – potencializou a polarização. Sim, não cedeu um milímetro, revela a pesquisa.
A Quaest fez uma pergunta: “O governo Lula se preocupa com pessoas como você?”.
“A pesquisa mostra um cenário meio a meio. Mulheres, nordestinos, os mais pobres e os católicos majoritamente dizem que sim. Mas os homens, brancos, do Sul e Sudeste e evangélicos dizem, majoritariamente, que não”, explica Nunes.
Para Nunes, Lula se depara com uma equação de difícil solução. “Apesar do slogan, ‘União e Reconstrução’, a percepção é de um governo que aposta na polarização. E eu não sei se teria como ser diferente. É normal que o governo faça esforços olhando para a própria base, mas isso tem consequências. O outro lado não se sente contemplado.”