Pesquisadores da Universidade de Nevada, nos Estados Unidos, identificaram o primeiro caso de reinfecção por coronavírus Sars-Cov-2 no país. Publicado na sexta-feira (28) como prévia (pré-print), o artigo descreve que um homem de 25 anos testou positivo para a doença em abril e no final de maio.
O morador de Reno, no estado de Nevada, apresentou sintomas leves da Covid-19 ainda em abril, quando foi diagnosticado pela doença. Segundo o estudo, ele adoeceu novamente no final de maio e desenvolveu um quadro mais grave da Covid-19.
Os autores do “Genomic evidence for a case of reinfection with Sars-CoV-2” escreveram que houve duas cepas diferentes do vírus, uma para cada infecção. Eles explicaram que, a partir de testes, é possível garantir que a infecção teve duas origens diferentes e não uma mutação da mesma.
“Umas das implicações desta descoberta é que a exposição inicial ao vírus pode não resultar em um nível de imunidade que pode ser 100% efetiva para a proteção dos indivíduos”, diz o estudo.
“Em relação a uma possível vacina, isso já é conhecido em outros vírus, como o da influenza, que mostram o desafio que é se desenvolver uma vacina eficaz”, escreveram os pesquisadores.
Os pesquisadores de Nevada reforçaram que a reinfecção com o vírus é “provavelmente rara”, e disseram que a frequência do aparecimento deste fenômeno não pode ser avaliada por este estudo, classificado como um estudo de caso.
Caso em Hong Kong
No início desta semana, pesquisadores da Universidade de Hong Kong relataram detalhes de um homem de 33 anos que se recuperou em abril de um caso grave de Covid-19 e foi diagnosticado quatro meses depois com uma cepa diferente do vírus.
Na pesquisa de Hong Kong, os cientistas dizem que uma vacina para a Covid-19 não deve ser capaz de fornecer proteção para a vida inteira. Além disso, recomendam que mesmo pacientes que já tiveram a doença devem ser imunizados.
O paciente de Hong Kong, apesar de ele ter tido a primeira infecção pelo coronavírus, não foram detectados anticorpos assim que ele foi infectado pela segunda vez – os anticorpos só apareceram depois de cinco dias.
Mas não produzir anticorpos não significa falta de proteção. A resposta imune das células T pode ter um papel em melhorar a resposta em uma segunda infecção. Outros estudos, com o Sars-CoV-2 e outros coronavírus, mostram que eles podem induzir a imunidade das células T a longo prazo.
Reinfecção em SP
Em São Paulo, pesquisadores da Universidade de São Paulo investigam casos suspeitos de reinfecção por Covid-19 no Hospital das Clínicas. Os médicos da instituição estão acompanhando sete pessoas que tiveram a doença duas vezes.
Todas fizeram testes que confirmaram a infecção pelo coronavírus, tanto na primeira quanto na segunda vez. Tiveram sintomas nas duas, mas nenhum caso foi grave. O tempo entre uma infecção e outra foi de um mês e meio ou mais.