Relatora Gloria de Mees afirma que o autoritarismo se aprofundou no país e pede que Caracas autorize visita a El Helicoide, onde há denúncias recorrentes de violações de direitos humanos

A perseguição política na Venezuela aumentou ao longo deste ano, declarou, nesta quarta-feira (8), a relatora para o país caribenho da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), Gloria de Mees, que deseja que Caracas autorize sua visita à prisão de El Helicoide.
“A perseguição às vozes dissidentes se intensificou, revelando um aprofundamento do autoritarismo”, declarou Gloria de Mees em uma apresentação especial ao Conselho Permanente da Organização dos Estados Americanos (OEA).
A Comissão quer visitar El Helicoide, uma prisão em Caracas denunciada repetidamente como um “centro de torturas” por organizações de defesa dos direitos humanos, até o final do ano.
Caracas respondeu negativamente, explicou a relatora aos embaixadores da região.
A última visita de uma missão da CIDH à Venezuela foi em 2002, e pedidos semelhantes foram rejeitados em 2017 e 2020, lembrou.
A Comissão pediu, no ano passado, medidas de proteção cautelares em 23 casos de supostas violações dos direitos humanos na Venezuela e, até agora, em 2025, já emitiu 25.
“Infelizmente, a situação não melhorou, mas se agravou”, indicou em sua intervenção, solicitada pela Argentina.
Caracas contesta a jurisdição do sistema interamericano dos direitos humanos, mas a Corte (com sede em San José) lembrou-lhe que, apesar das divergências políticas, suas sentenças seguem plenamente vigentes.
“O que está em jogo não é apenas o acesso a locais de detenção, é a proteção dos direitos humanos do povo venezuelano como um todo”, declarou a relatora.
© Agence France-Presse