A investigação começou em 22 de outubro de 2023, após um idoso residente na QND, em Taguatinga, ter sido vítima do golpe
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Foto: PCDF/Divulgação
Nesta quinta-feira (20), a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), em colaboração com as Polícias Civis do Rio de Janeiro e Santa Catarina, deflagrou a Operação “Rael”, que visa desmantelar uma organização criminosa especializada em golpes de falso sequestro. A ação resultou na prisão de dois líderes do grupo, cumprindo mandados de prisão preventiva.
A investigação começou em 22 de outubro de 2023, após um idoso residente na QND, em Taguatinga, ter sido vítima do golpe. O idoso foi mantido ao telefone sob ameaça por 20 horas. Um dos membros do grupo foi preso em flagrante ao tentar retirar cartões bancários, joias e outros objetos de valor da casa da vítima. Durante o interrogatório, o detido revelou que seus cúmplices estavam em outros estados e que se comunicavam exclusivamente pela internet, enviando os itens roubados para uma agência dos Correios no Rio de Janeiro.
As investigações aprofundadas revelaram uma rede criminosa complexa, composta por vários núcleos e liderada por três indivíduos com extenso conhecimento em informática. Esses líderes adquiriram dados de potenciais vítimas em plataformas online e repassaram essas informações a cúmplices que entravam em contato com as vítimas. As ligações eram realizadas por presos do regime semiaberto no Instituto Penal Plácido Sá Carvalho, localizado no Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, Rio de Janeiro.
Uma vez que os presos conseguiam convencer as vítimas, os líderes acionavam grupos de “entregadores” em diversos estados, incluindo São Paulo, Paraná, Minas Gerais, Goiás, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Rio de Janeiro, Mato Grosso, Acre, Mato Grosso do Sul, Ceará, Bahia, Pernambuco, Espírito Santo e o Distrito Federal. As vítimas eram instruídas a colocar cartões bancários e objetos de valor em sacolas, que eram recolhidas pelos entregadores. Enquanto a vítima permanecia na linha sob ameaça, os entregadores realizavam saques e transferências, enviando os objetos valiosos para uma agência dos Correios em Niterói/RJ, onde eram recolhidos pelos líderes do grupo.
O principal líder da organização já havia sido preso pela Polícia Civil de São Paulo (PCSP) em 2007, dentro do Sistema Prisional do Rio de Janeiro, por extorquir vítimas em São Paulo. Desde então, ele se especializou nesse tipo de golpe, aprendendo a ocultar seus rastros na internet e criando uma empresa de revenda de joias para disfarçar os itens roubados. O grupo também divulgava um manual detalhado sobre como apagar rastros digitais, evidenciando a sofisticação do esquema.
Após extensas diligências, a PCDF conseguiu identificar dez integrantes do grupo, incluindo os presos responsáveis pelas ligações, os entregadores no Distrito Federal e todos os líderes. Com a conclusão da investigação, a 1ª Vara Criminal de Taguatinga decretou as prisões preventivas dos líderes, ordenando também o sequestro de valores e a emissão de dez mandados de busca e apreensão, cumpridos em Santa Maria/DF, Florianópolis/SC, Angra dos Reis/RJ e Rio de Janeiro/RJ. Um dos líderes permanece foragido.
Os detidos enfrentarão acusações de extorsão, organização criminosa e lavagem de dinheiro, podendo ser condenados a até 31 anos de prisão. Os valores sequestrados serão utilizados para compensar as perdas das vítimas. (JBr)