É comum que a Idade Média também seja chamada de “Idade das Trevas”, com predominância da barbárie e do medo — um preconceito que acabou sendo herdado das correntes de pensamento iluministas. No entanto, muito do que conhecemos de filosofia moderna e ciência surgiu nessa época da história da humanidade e não podemos deixar isso de lado.
Em termos de filosofia, as vertentes patrísticae escolástica eram as que mais se destacavam naquele período e falavam muito a respeito da relação do homem com o pensamento religioso, sobretudo em uma época em que a Igreja Católica começava a se consolidar. Conheça mais sobre esses estilos de pensamento nos próximos parágrafos.
Patrística
(Fonte: Wikimedia Commons)
No início do período de transição entre a Antiguidade e a Idade Média, surgiu a vertente filosófica patrística, com seu nome fazendo referência aos primeiros padres da Igreja Católica. Foram essas pessoas que se dedicaram a desenvolver um tipo de filosofia que se aproximasse do pensamento cristão e do conhecimento religioso.
Inclusive, pode-se dizer que toda a filosofia patrística é responsável pelo desenvolvimento do sistema teológico cristão. Ela surgiu justamente no período em que o Império Romano passou a aceitar o cristianismo como uma religião, porém ainda era um período em que os cristãos sofriam bastante perseguição.
Por muito tempo, a filosofia patrística foi dividida em duas linhas de pensamento entre os padres apologistas: aqueles que viviam como Justino, misturando o cristianismo com a filosofia grega pagã; e aqueles que viviam como Tertuliano, defendendo completamente a exclusão do paganismo desse movimento.
O que pregava a filosofia patrística?
A filosofia patrística sempre foi uma linha de pensamento que ressaltava acima de tudo o conhecimento cristão, enquanto a filosofia grega defendia a razão, a lógica e o conhecimento científico — algo que causava atrito entre as duas partes. Por isso, embora a vertente de Justino tenha predominado por um tempo, o embate entre fé e razão era grande demais para ser ignorado.
A escola patrística foi responsável por criar importantes personagens históricos, entre eles Agostinho de Hipona, um pagão que se converteu com 32 anos e acabou canonizado pela Igreja Católica como Santo Agostinho. Ao longo de sua vida, Agostinho se aventurou em várias correntes de pensamento, mas se apaixonou pela patrística.
Tornou-se um exímio defensor da fé cristã e lutou para combater qualquer tipo de heresia.
Escolástica
(Fonte: Wikimedia Commons)
Logo após o ápice da filosofia patrística, surgiu a vertente de pensamento escolástica. Essa era uma vertente filosófica menos restrita e que abordava as divergências no ambiente católico. Nesse espírito de debate sobre questões intelectuais, artísticas e filosófica, a “escola” do pensamento foi batizada.
A valorização do saber é perceptível sobretudo durante o século XII, quando passam a surgir as primeiras universidades e existe uma ascensão da classe letrada. A vertente escolástica é uma articulação pensamento racional e religioso. Historicamente, o primeiro escolástico foi o monge agostiniano santo Anselmo, que logo foi seguido por Pedro Abelardo, Pedro Lombardo e Hugo de São Vítor.
O que pregava a filosofia escolástica?
Ao contrário do que acontecia no passado, os filósofos escolásticos fizeram de tudo para conciliar o impensável: fé e razão. Graças à influência árabe dos povos que haviam migrado para a península hispânica, houve uma união do pensamento cristão com a filosofia aristotélica — criando um novo modo de pensar.
No início do século XIII, Santo Agostinho deixa de ser o ponto de referência da filosofia cristã e novos nomes passam a surgir. Alberto Magno, Santo Anselmo e São Tomás de Aquino — considerado o maior nome escolástico — apareceram como combatentes da heresia, do paganismo e da não aceitação de Deus.
Os pensadores dessa escola também usavam conceitos científicos como astronomia, física e biologia para compreender o mundo natural e a função do Criador.
Fonte: megacurioso*