Partido discute não fazer mais parte do governo, mas indicados do presidente do Senado, filiado à sigla, devem permanecer nos cargos.

O ministro do Turismo, Celso Sabino (União-PA), tem feito um esforço nos bastidores para tentar se manter no cargo por mais tempo. Sabino está sendo pressionado pela cúpula do União Brasil a deixar o ministério depois que o partido antecipou a discussão para o desembarque do governo.
👉🏽 Ainda assim, interlocutores da legenda consideram a saída do governo irreversível e dizem que, se Sabino não sair do governo “por bem”, a alternativa será expulsá-lo da agremiação.
Apesar de cobrarem a saída do ministro do Turismo, interlocutores dizem que “ninguém quer comprar briga com [Davi] Alcolumbre”, presidente do Senado Federal, e lembram que as outras duas vagas de ministérios são indicações dele. Alcolumbre é filiado ao União Brasil.
Os ministros Waldez Góes, da Integração e do Desenvolvimento Regional, e Frederico Siqueira, das Comunicações, não são filiados ao partido e foram indicados pelo presidente do Senado.
Integrantes do União avaliam que Davi Alcolumbre tem direito de continuar no governo se quiser e pode indicar o próximo nome do Turismo, mas isso não significa vínculo com o partido.
Relação com o governo
A avaliação interna no partido é de que a situação se tornou insustentável após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) dizer que o presidente do União Brasil, Antonio Rueda, não gosta dele, nem do governo. Lula disse que também não gosta de Rueda.
Durante a reunião, Lula cobrou os ministros do União Brasil e do Progressistas a tomarem lado e saírem em defesa do governo.
À GloboNews, Sabino disse que não vê sentido em discutir a saída do governo neste momento, considerando que ainda falta mais de um ano para a eleição de 2026.
“Somos um partido que tem muitos filiados e tenho certeza que vários deles estão dispostos a apoiar o presidente Lula. Não vejo razão, por causa de uma eleição que vai acontecer daqui a mais de um ano, em antecipar agora uma discussão e uma decisão para esse momento que nós temos tanto prazo para decidir”, declarou o ministro.
Mais cedo, durante discussão sobre o tema no grupo de Whatsapp do diretório nacional do União Brasil, Sabinofez uma argumentação semelhante, mas não convenceu os correligionários.
Na conversa, ele argumentou que outros partidos também possuem pré-candidatos à eleição de 2026 contrários a Lula e, ainda assim, mantém cargos na Esplanada, em uma referência indireta ao PSD. Também reforçou a ideia de que não considera prudente antecipar discussões sobre o pleito do próximo ano.
Para integrantes do União, no entanto, a fala de Lula levaram a situação para o pessoal e a permanência no governo ficou “insustentável” e “humilhante”. A insistência de Sabino em continuar no ministério também tem incomodado interlocutores de Rueda.
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Antonio Rueda, presidente eleito do União Brasil — Foto: Divulgação
Na terça-feira (26), após a fala de Lula, Rueda soltou uma nota rebatendo o presidente.
“A fala do presidente evidencia o valor da nossa independência e a importância de uma força política que não se submete ao governo”, diz trecho da nota.
Saída de Sabino
A ala do União Brasil mais próxima ao presidente do partido defende Sabino entregue o cargo já nos próximos dias.
“Ou ele sai do ministério ou ‘é saído’ do partido”, diz um integrante ligado à cúpula do partido.
Além disso, Sabino já vinha desagradando parlamentares desde que assumiu o ministério. A queixa é que o ministro não teria priorizado o partido na distribuição de convênios e emendas no Turismo.
Apoio do União a Tarcísio
Internamente, a cúpula do União avalia apoiar a candidatura do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), à Presidência da República – mesmo com a pré-candidatura do governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União).
A expectativa entre integrantes do partido é que o senador Ciro Nogueira (PP-PI), ex-ministro de Jair Bolsonaro (PL) assim como o governador de São Paulo, se lance como vice na chapa de Tarcísio.
Essa possível configuração da chapa fez parte de um acordo para que Rueda assumisse o comando da federação entre o União e o Progressistas – e não Ciro Nogueira.
Fonte: g1*