Objetivo é trazê-los para universidades sediadas no Estado, por um período de até dois anos
BRASÍLIA – O governo do Paraná, que concentra a maior comunidade de imigrantes da Ucrânia no Brasil, criou um programa de acolhida a cientistas ucranianos. O objetivo é abrir espaço para recrutar pesquisadores de universidades ucranianas e trazê-los para instituições sediadas no Estado, por um período de até dois anos.
O governo paranaense estima o recebimento de até 50 pesquisadores que possuam o título de doutores e que estejam ou estiveram atuando no desenvolvimento de projetos de pesquisa. A ideia é viabilizar, complementarmente, uma extensão nas universidades do Paraná.
O programa será tocado pela Fundação Araucária, ligada à Superintendência Geral da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior. Os candidatos interessados, segundo o governo do Paraná, deverão encaminhar propostas em até duas laudas, em ucraniano, português ou inglês, contendo a sua intenção de projeto. Terão ainda que encaminhar um vídeo de até três minutos, explicando o que gostariam de desenvolver. O material pode ser gravado com o próprio celular.
Os pesquisadores receberão uma bolsa de R$ 10.000,00 na categoria Professor – Visitante Especial (PVE). Há complemento no valor de R$ 1.000,00 para cada dependente abaixo de 18 anos e/ou ascendente acima de 60 anos tendo, como limite máximo, três complementos de R$ 1.000,00 a cada pesquisador selecionado.
Além da bolsa, a Fundação Araucária vai oferecer à pessoa selecionada e seus dependentes, quando houver, as passagens aéreas de vinda ao Brasil e retorno à Ucrânia. O programa Paraná Fala Idiomas oferecerá, gratuitamente, cursos de Português como língua adicional.
“Queremos que esse programa chegue às cientistas ucranianas e que elas se se sintam incentivadas em vir para o Brasil. Há restrições para a saída de homens da Ucrânia, por causa da guerra, mas cientistas homens que também tenham condições de deixar o país podem se candidatar. Temos uma possibilidade de acolher a todos muito bem. Esse programa foi preparado por lideranças da comunidade ucraniana no Estado”, disse Ramiro Wahrhaftig, presidente da Fundação Araucária, ao Estadão.
Durante a estadia na região, diz Wahrhaftig, a ideia é que cada pesquisador tenha um “anjo” no local, alguém da comunidade ucraniana que
possa acolher o imigrante. “Nossa expectativa é que eles venham e trabalhem conosco, em programas que sejam de interesse do Estado do Paraná e da Ucrânia.”
Segundo o governo estadual, o Paraná concentra cerca de 80% da totalidade dos imigrantes ucranianos no Brasil. “Identificou-se como prioridade estruturar uma ação de acolhida àqueles que tanto contribuíram com o desenvolvimento do Estado”, afirmou em nota.
A imigração ucraniana se concentra na região centro-sul do Paraná, onde o porcentual de imigrantes pode chegar a 75% da população residente em algumas cidades.
As informações sobre o Programa serão encaminhadas às cientistas ucranianas por meio da Fundação Araucária, além da Embaixada da Ucrânia no Brasil, Ministério de Relações Exteriores, Humanitas e universidades paranaenses, além da Agência da ONU para Refugiados (Acnur), Associação Brasileira de Educação Internacional (Faubai) e Cáritas. Há ainda um e-mail para mais informações: internacionalizacao@fundacaoaraucaria.org.br