Miguel Lucena*
Os partidos no Brasil, com alguma exceção, servem meramente para disputas eleitorais. As legendas são usadas por grupos de interesses para eleger candidatos, tanto que, passadas as campanhas, a vida partidária praticamente deixa de existir.
Sem organicidade, os partidos se tornam frágeis, permitindo a interferência de forças estranhas na cooptação de seus integrantes para defender interesses diversos.
Desintegradas, esperando a próxima eleição se aproximar, levadas a toques-de-caixa por um ou outro dirigente, as agremiações enviam aos seus filiados o recado de que é cada um por si no intervalo das disputas.
Nas composições de governo, os partidos são ignorados. As indicações passam por detentores de mandato ou financiadores de campanha, os quais se intrometem em diversas legendas e passam a mandar em seus quadros, protegendo-os e direcionando suas ações.
Os partidos precisam repensar seu modo de agir. Não se reúnem, não agregam, não convencem, são uma natureza morta desenhada numa tela de segunda.
*Miguel Lucena é Delegado de Polícia Civil do DF, jornalista e escritor.