Com a crise gerada pelo coronavírus, voluntários e ativistas que buscaram refúgio no Brasil oferecem ajuda ao outros imigrantes em situação mais vulnerável. Acnur reforça que saída da pandemia passa pela inclusão e acolhimento dos refugiados.
Para aliviar as dificuldades da vida em um outro país, refugiados e solicitantes de refúgio no Brasil mantêm redes de apoio e iniciativas que aproximam e acolhem os imigrantes. Neste período de pandemia, esse suporte mútuo se torna ainda mais importante — tanto para conscientizar sobre a prevenção contra o coronavírus como para ajuda em tempos de crise financeira.
(Esta história faz parte da série Gente que inspira, que mostra iniciativas que estão levando esperança a comunidades no momento mais crítico da pandemia.)
Uma dessas iniciativas é promovida pela organização não governamental Pacto pelo Direito de Migrar, coordenada por Jean Katumba e com atuação em quatro estados do país. O engenheiro civil de 39 anos saiu da República Democrática do Congo há oito anos, quando procurou refúgio em São Paulo após sofrer perseguição política no país de origem. Agora, durante a crise gerada pela pandemia, ele trabalha para não deixar sem assistência outros refugiados e solicitantes.
“A pandemia não inventou uma dificuldade nova: ela exacerbou as que existiam”, avaliou Katumba.
Como muitos dos refugiados trabalham no mercado informal, as medidas de restrição e a falta de dinheiro circulando deixaram esses imigrantes sem fonte de renda. Como qualquer estrangeiro em situação regular no Brasil, eles têm direito ao auxílio emergencial. Mas a interrupção no pagamento e até a dificuldade em retirar os documentos foram entraves que Katumba ouviu com frequência.
“Tentamos ajudar com o mínimo: conseguir dar a eles o que comer. Porque a maioria dos solicitantes e refugiados está na baixa renda”, conta o coordenador da ONG.
Assim, desde que a pandemia começou há um ano, a Pacto pelo Direito de Migrar arrecada alimentos e coordena campanhas de doações que confortem um pouco a vida dos imigrantes nestes tempos de restrições. Por exemplo, está em andamento uma iniciativa para distribuir ovos de páscoas a crianças estrangeiras. “São filhos de pais que mal têm o que oferecer para comer”, comenta Katumba.