Mamíferos traficados ilegalmente na Ásia e África e muito comuns nos mercados de rua da China, os pangolins são apontados como o elo que possivelmente permitiu que o novo coronavírus 2019-nCoV se espalhasse de morcegos para os seres humanos.
Segundo pesquisadores da Universidade Agrícola do Sul da China (SCAU, na sigla em inglês) em Guangzhou, província de Guangdong, os vírus encontrados nos mamíferos são 99% idênticos aos de pacientes com coronavírus.
“As sequências genômicas do novo tipo de coronavírus isolado dos pangolins foram 99% idênticas às das pessoas infectadas, indicando que os pangolins podem ser um hospedeiro intermediário do vírus”, informou a instituição em comunicado divulgado nesta sexta-feira (07/02/2020) pela agência de notícias Xinhua.
Segundo os especialistas, o novo vírus surgiu em um mercado de animais vivos na cidade de Wuhan, no centro da China, no fim do ano passado. A origem seria em morcegos, mas os pesquisadores sugeriram grande possibilidade de haver um “hospedeiro intermediário” na transmissão da doença para as pessoas.
Eles testaram mais de mil amostras de animais selvagens e descobriram que as sequências de genoma dos vírus eram semelhantes nos dois tipos de mamíferos.
Segundo Liu Yahong, presidente da universidade, o estudo ajudará na prevenção e no controle da epidemia, além de oferecer referência científica para políticas sobre animais selvagens.
Tráfico e comércio ilegal
De acordo com a União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN), o pangolim é considerado o animal mais traficado no planeta e está em ameaça de extinção.
Mais de 1 milhão de espécimes foram arrebatados de florestas asiáticas e africanas na última década, segundo levantamentos recentes.
A carne desses pequenos mamíferos escamosos, comprada no mercado clandestino, é considerada uma iguaria na China e em outras partes do mundo. As escamas, compostas principalmente de queratina, são muito utilizadas na medicina tradicional.
Em janeiro deste ano, com a doença espalhada por todo o planeta, a China ordenou uma proibição temporária do comércio de animais selvagens até que a epidemia esteja sob controle.
Doença se espalha pelo mundo
No final de 2019, a China anunciou ter detectado uma nova estirpe de coronavírus, catalogada como 2019-nCoV. A doença pode ser transmitida de pessoa para pessoa e é contagiosa sem sintomas durante a fase de incubação, que dura até 14 dias.
Até agora, ao menos 31 mil pessoas foram infectadas e 630, mortas pelo vírus, que se espalhou para duas dezenas de países.
Em 30 de janeiro, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou uma emergência internacional frente à propagação do novo coronavírus.