Há 5.344 vagas disponíveis em instituições próprias ou credenciadas em todo o DF. A demanda, porém, ultrapassa 21 mil crianças de até 5 anos
A Secretaria de Educação estima que a situação de Ana Carolina seja a mesma de mães, pais e familiares de mais de 21 mil outras crianças que procuram um lugar para cuidar dos filhos de até 5 anos. A oferta em todo o DF é de 5.344 vagas — 1.344 a mais que em 2015. O número é inferior, por exemplo, à procura das regiões administrativas de Ceilândia e Samambaia. Juntas, as duas cidades são responsáveis por cerca de 8 mil carências. A rede pública tem 39 creches espalhadas pelas regionais de ensino. Três unidades — em Santa Maria, Asa Sul e Lago Norte — serão inauguradas em 11 de fevereiro e mais outras duas estão em fase final de construção. Além dessas, há 59 creches particulares conveniadas.
O desconforto da busca por matrículas para os gêmeos de 1 ano e 4 meses é uma realidade também para o casal morador do Guará Augusto Lucatelli, 32, e Bruna Lucatelli, 27. Desde o ano passado, eles aguardam uma vaga. “Já fomos a uma escola particular perto de casa e não podemos arcar com as despesas. Além dos gêmeos, temos um filho de 5 anos, que entrou no colégio agora”, disse Bruna. Para ela, a quantidade de vagas oferecidas está aquém da demanda do DF. “Creche é um direito de todas as crianças. É um absurdo você precisar e ter que ficar aguardando. Se os meus filhos não conseguem a vaga, eu não posso trabalhar.”
Pais ou responsáveis devem ir à regional de ensino da creche de interesse e apresentar a documentação exigida. A ordem de chegada é irrelevante e estar na CRE logo cedo não garante vaga, pois as crianças são classificadas por pontuação (veja quadro). Em caso de empate, a prioridade serão mães com maior número de filhos ou a criança mais velha.
A auxiliar de serviços gerais Jéssica Regina dos Santos, 34, tenta uma vaga para o filho de 2 em uma creche conveniada no Gama, onde mora com o marido e mais uma filha de 8. “Meu marido chegou às 5h e fomos os primeiros atendidos. No ano passado, tentei a matrícula, mas não deu certo. Não considero os critérios justos. Tudo é pontuação. Se fizer parte de algum programa do governo ou se a criança tem risco nutricional, a chance é maior. Como não tenho nada disso, não vou conseguir a vaga?”, questiona Jéssica. Ela conseguiu um emprego recentemente e espera a resposta do governo para saber se vai poder ficar no novo serviço.
Ampliação
A Diretora de Acompanhamento da Oferta Educacional da SEDF, Raphaella Cantarino, afirma que o governo tem planos para aumentar a oferta de vagas, mas o processo de ampliação tem peculiaridades. “A legislação obriga o atendimento a crianças a partir dos 4 anos, o que não inclui a creche, mas há três anos temos ampliado significativamente o serviço. Essa faixa etária depende de muitos cuidados, principalmente os bebês. Para aumentar a quantidade de creches, é preciso muita cautela.” Segundo Raphaella, até julho, mais cinco unidades serão inauguradas.
Onde elas estão
» Brazlândia — 1
» Guará — 1
» Plano Piloto — 2
» Lago Norte — 2
» Planaltina — 3
» Sobradinho — 3
» Águas Claras — 4
» Recanto das Emas — 4
» Santa Maria — 5
» Ceilândia — 7
» Samambaia — 12
Fonte: Secretaria de Educação do DF
Passo a passo
As inscrições nas creches públicas e conveniadas vão até sexta-feira.
Os documentos necessários para solicitação de vagas são (original e cópia)
» Certidão de nascimento da criança
» Comprovante de residência ou do endereço de trabalho do responsável legal
» CPF ou RG do responsável legal
Critérios para classificação e pontuação
» Baixa renda (25 pontos)
. Crianças de famílias que participam de algum programa de assistência social
» Medida protetiva (20 pontos)
. Criança em situação de vulnerabilidade social
» Risco nutricional (15 pontos)
. Criança em estado de vulnerabilidade nutricional comprovada por declaração da Secretaria de Saúde
» Mãe trabalhadora (10 pontos)
. Criança cuja mãe trabalha formal ou informalmente
* Todos os critérios devem ser comprovados por documentação.
Fonte: Secretaria de Educação do DF