A crise financeira no Governo do Distrito Federal (GDF) continua afetando vários setores da administração pública. Os repasses continuam atrasados em algumas áreas, causando greves em várias entidades ligadas a serviços gerais, educação e transporte.
A falta de repasse financeiro para parte das creches conveniadas com o GDF fez com que pelo menos 12 das 46 instituições paralisassem suas atividades. Outras 15 continuam funcionando mesmo sem receber, utilizando-se de recursos próprios ou doações.
De acordo com o presidente do Conselho de Entidades de Promoção e Assistência Social (CEPAS), Ciro Heleno Silvano, as conversas com o GDF estão emperradas. “A Secretaria de Educação nos informou que não recebeu repasse da Secretaria de Fazenda e por isso não tem como pagar. A dívida já é de R$14 milhões e a pressão sobre as creches só aumenta. Estamos sem salários, sem 13º e sem comida para as crianças. Não tem como continuar os trabalhos sem recebermos”, afirma Silvano. De acordo com ele, algumas creches não abrem desde 1º de dezembro.
A Secretaria de Educação do Distrito Federal (SEDF) informou que, no último dia (4), foi iniciado o pagamento das creches públicas e conveniadas. As unidades escolares estão recebendo os valores devidos à medida que os recursos estão sendo repassados pela Secretaria de Fazenda. O órgão também comunicou que o valor destinado a cada uma depende, por sua vez, do serviço prestado, bem como a data de vencimento dos respectivos contratos.
TERCEIRIZADOS
Os quase 30 mil funcionários de cerca de 12 empresas que prestam serviços como limpeza e conservação para o governo local também continuam sem receber o que foi acordado com o GDF em reunião na quinta-feira (11) passada. De acordo com o diretor de comunicação do Sindicato dos Empregados em Empresas de Asseio, Conservação, Trabalho Temporário, Prestação e Serviços Terceirizáveis no Distrito Federal (SINDISERVIÇOS), Antônio de Pádua Lemos, o pagamento não foi todo efetuado e a greve pode receber mais adeptos. “Algumas empresas receberam e repassaram os pagamentos. Outras receberam em partes e não repassaram. Alguns terceirizados já queriam entrar de greve hoje [nessa segunda-feira] e o sindicato pediu para que eles segurassem até amanhã [hoje]. Já tivemos alguns que pararam mesmo assim”, afirmou.
A Secretaria de Estado de Administração Pública do Distrito Federal (SEAP-DF) informou que em reunião feita no dia 11 de dezembro a Secretaria de planejamento (SEPLAN) confirmou que pagaria as empresas terceirizadas Real JG e SERVEGEL o valor de R$ 2,5 milhões e R$ 4,1 milhões, respectivamente. Porém, o órgão não soube informar porque os pagamentos não foram efetuados.
TRANSPORTE
Rodoviários de três das quatro cooperativas que estavam em greve voltaram aos trabalhos na última sexta-feira. Juntas, as cooperativas Cootarde Convencional, Copetran, Copatag e Contag abarcavam as regiões de Ceilândia, Samambaia, Planaltina Santa Maria Gama e Plano Piloto e a paralisação afetava cerca de 180 mil pessoas.
Segundo o diretor do Sindicato dos Rodoviários do Distrito Federal Diógenes Nery, apesar da situação estar se normalizando, os funcionários da empresa Copatag só irão voltar da greve depois que tiverem sua situação salarial resolvida. “Na sexta-feira, três empresas saíram da greve restando só a Copatag. Agora estamos tentando resolver essa questão mas sabemos que os trabalhadores só voltam depois que receberem o pagamento dos salários e do 13º”, finalizou.
De acordo com o Transporte Urbano do Distrito Federal (DFTrans), a dívida do governo com as cooperativas gira em torno de R$ 2 milhões. Os pagamentos, por sua vez, serão efetuados a medida que os recursos forem sendo liberados. Não há data definida para a realização dos pagamentos. As negociações entre o órgão, cooperativa e sindicato continuam.