
Miguel Lucena
Enquanto o país se engalfinha em debates apocalípticos nos grupos de WhatsApp, quase 600 brasileiros têm o pênis amputado todos os anos. É a tragédia silenciosa dos “sem pênis”, homens que não rendem meme, não viram pauta eleitoral e seguem invisíveis.
A principal causa é o câncer de pênis, ligado à pobreza, falta de saneamento e higiene precária. Infecções simples viram tumores porque muitos evitam o médico por vergonha ou machismo. Quando chegam ao SUS, é tarde.
Somam-se a isso a baixa vacinação contra HPV, a demora para tratar fimose e a dificuldade de acesso a urologistas. Tudo evitável, tudo ignorado.
Enquanto discutimos o fim do mundo, parte do Brasil perde o que poderia ser salvo com prevenção e informação. Os sem pênis não pedem holofote — pedem políticas públicas e atenção antes que a mutilação se torne o único caminho.


