Os novos salões da falsidade

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Miguel Lucena
Imagem ilustrativa gerada por IA

 

Miguel Lucena

Os salões burgueses atuais são herdeiros diretos da falsidade dos salões aristocráticos. Mudaram os lustres e as taças, mas não a encenação. Antes, o sangue azul ditava o tom; agora, são o saldo bancário e o número de seguidores.

A elegância virou marketing, o diálogo virou performance. Nesses espaços — físicos ou digitais — o sorriso é protocolo e o elogio, investimento. O brilho vem das luzes, não das almas.

As pessoas não se encontram, se exibem. A sinceridade é risco; a aparência, regra. A sociedade, que um dia quis derrubar a nobreza, acabou por imitá-la: continua dançando a mesma valsa de conveniências, apenas com figurinos mais caros e filtros mais modernos.

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