Arnaldo Niskier
da Academia Brasileira de Letras e Doutor
Honoris Causa da Universidade Sant Úrsula
Em sessão do Conselho de Notáveis da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo o professor Paulo Alonso, reitor da Universidade Santa Úrsula, realizou uma notável conferência, em que localizou a problemática da educação brasileira. Seus números são irrefutáveis, portanto impressionantes, a partir da demonstração de que temos 20 metas, das quais apenas quatro foram parcialmente cumpridas. Espera-se uma nova legislação do Congresso Nacional, com as correções necessárias. Queremos novos tempos, com a valorização da qualidade, hoje inexistente.
Tive a honra de colaborar com o então Senador Darcy Ribeiro, na elaboração da Lei nº 5692/76, quando ele me pediu informações sobre educação à distância. Dei com o maior prazer, mas o sistema foi aos poucos sendo desvirtuado. Hoje, há cursos superiores cobrando mensalidades de Cr$49,90. Como pagar bons professores com esse valor?
Não se pode culpar eternamente a pandemia pelo atual estado de coisas. Queremos uma gestão escolar democrática, como há em outros países da América Latina. O novo Plano contempla 58 metas e temos sérias dúvidas sobre a existência de recursos financeiros para aguentar isso tudo.
O reitor Paulo Alonso disse que vivemos no submundo da educação e isso não é justo. Foi sabatinado pelos conselheiros, numa sessão de grande utilidade, dirigida pelo advogado Bernardo Cabral.
Foi lembrado que vivemos novos tempos, em que o petróleo será de grande importância, com boas perspectivas inclusive na chamada Margem Equatorial. Isso poderá ajudar – e muito – a financiar as metas da educação brasileira.
E sua qualidade deve se beneficiar da sua valorização, com o emprego da inteligência artificial em seus serviços.
O debate foi tão importante que terá prosseguimento, em outra sessão, a ser oportunamente marcada. É claro que os problemas da educação não podem ser tratados de forma aligeirada e a CNC, que tem sob sua guarda as atividades pedagógicas do Senac e o Sesc deve estar presente, com a força da sua competência.