Nova pesquisa dos institutos Patrícia Galvão e Locomotiva mostra que apenas 5% das vítimas foram à polícia e a uma unidade de saúde
Hugo Barreto/Metrópoles
Casos de violência sexual podem, infelizmente, estar bem mais perto do que se espera. Cerca de 64% dos brasileiros, o equivalente a 122,6 milhões de pessoas, afirmam conhecer uma mulher ou menina que já foi vítima de estupro.
Já 16% das mulheres afirmam ter sofrido violência sexual, o que totaliza 14,1 milhões de brasileiras. Os dados são da pesquisa Experiências sobre estupro e percepções sobre saídas institucionais para as vítimas, realizada pelos institutos Patrícia Galvão e Locomotiva.
O levantamento foi realizado entre 27 de janeiro e 4 de fevereiro de 2022, com abrangência nacional por meio de 2 mil entrevistas quantitativas on-line. Homens e mulher a partir de 16 anos responderam os questionamentos.
“Em 84% desses casos, o estuprador era uma pessoa próxima e em 65%, o estupro foi cometido dentro de casa”, explica Jacira Melo, diretora-executiva do Instituto Patrícia Galvão. “Esses números desmentem a ideia de que o maior perigo está em cruzar com um estranho em uma rua escura.”
Depois dos episódios de violência, porém, oito em cada 10 mulheres vítimas afirmaram não ter procurado nenhuma forma de atendimento, como a polícia ou um serviço de saúde. Apenas 5% buscaram ambos os serviços.
“Mostra como o trauma, o medo, a vergonha e a sensação de culpa são barreiras para que essas vítimas busquem ajuda”, ressalta Jacira.
A maioria da população (92%) concorda que é preciso informar as vítimas sobre métodos de prevenção de infecções sexualmente transmissíveis (IST’s) e procedimentos para evitar gravidez.
Apesar disso, a percepção majoritária (70%) é de que as mulheres que sofrem violência sexual não denunciam o crime à polícia. Os principais motivos apontados pelas vítimas são vergonha e medo da exposição.
O conhecimento sobre a lei que ampara quem é vítima de estupro, portanto, ainda é incipiente. De acordo com a legislação, em casos de abuso, o atendimento médico é assegurado sem necessidade do registro de um boletim de ocorrência. Ao todo, 51% dos brasileiros afirmam não ter conhecimento dessa determinação.
Denúncias de estupro ou outras formas de violência sexual podem ser feitas em delegacias ou por meio do Disque 100 ou 180.