O atual momento do Distrito Federal e delicado quando o assunto são as obras públicas, a situação é alarmante. São construções entregues antes do acabamento, atrasos e investimentos altíssimos por parte do Governo do DF (GDF) que não se justificam. Em vez de melhorias, o que se vê é a população insatisfeita com este cenário.
Situação parecida vive o chamado Veículo Leve Sobre Pneus (VLP). Com projeto de aproximadamente R$ 530 milhões, a expectativa era de que o VLP atendesse cerca de 600 mil passageiros do Gama e Santa Maria. Para isso, seria criado um corredor exclusivo até o Plano Piloto. A expectativa era de que os ônibus transportassem cerca de 20 mil pessoas por hora e que o projeto fosse concluído em junho deste ano. Contudo, o que se têm hoje são obras longe de serem concluídas e que causam transtornos a quem precisa passar pelo local.
É o caso da empregada doméstica Raimunda Barrozo, 48 anos, que em função das obras é obrigada a sair de casa às 4h30 para chegar a tempo ao trabalho. “Moro em Valparaíso (GO) e preciso sair esse horário para conseguir chegar às 8h30. Não vejo a hora de essa obra acabar”, reclama Raimunda.
Ela lamenta o atraso das obras e ressalta que está cansada dos transtornos. “Prometeram que terminaria esse ano, mas pelo visto isso está longe”, disse. Segundo ela, em virtude das obras, a parada de ônibus perto de seu local de trabalho foi retirada. “Agora, eu preciso andar muito. E como chegou muito cedo, fico com muito medo de ser assaltada”, declarou.
A também empregada doméstica Enita da Silva, 35 anos, enfrenta o mesmo problema. “Desde que essas obras começaram a nossa vida está um sufoco. Chego atrasada sempre. Já fiquei parada mais de duas horas no congestionamento”, contou. De acordo com ela, os cidadãos são os principais prejudicados com o atraso. “É uma falta de respeito com a população. Todos os custos para pagar esses projetos vêm do nosso bolso”, desabafou.
Uma história que parece não ter fim. Com o impressionante investimento previsto de R$ 1,55 bilhão, as obras do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) estão paradas há três anos, após questionamentos judiciais. Desde então, o trânsito na região do Setor Policial Sul e fim na W3 foi desviado provisoriamente para que a obra fosse feita. E enquanto a construção não avança, quem sofre é a população.