sexta-feira, 13/06/25
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O limite entre a liberdade de expressão, a piada e o crime

Miguel Lucena

Liberdade de expressão não é salvo-conduto para canalhice. A piada pode cutucar, provocar, escancarar o ridículo do poder — mas não pode servir para esmagar quem já vive sob o peso da exclusão.

Chamar de piada uma fala que compara negros a porcos ou normaliza o incesto entre pai e filhos não é só mau gosto — é crime disfarçado de irreverência. A liberdade de expressão não deve proteger o opressor que ri enquanto o oprimido sangra.

O bom humor confronta estruturas, não humilha minorias. Não serve para manter a senzala de pé nem para defender abusos como se fossem liberdade artística.

Rir continua sendo remédio, mas precisa respeitar a dosagem. E quem se esconde atrás da palavra “piada” para propagar preconceito ou defender atrocidades precisa entender: o limite da liberdade é o outro. E ninguém tem o direito de fazer do palco uma arma contra quem já nasceu alvo.

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