Maria José Rocha Lima[1]
“PELÉ: Nunca antes cuatro letras fueron tan grandes.” Desse modo fantástico e singular, o Marca – jornal esportivo espanhol – homenageou “O Rei” Edson Arantes do Nascimento. Pelé nasceu na cidade de Três Corações, Minas Gerais, filho do jogador do Fluminense João Ramos do Nascimento, mais conhecido como Dondinho, e Celeste Arantes. Só Papai do Céu e o seu pai Dondinho conheciam os mistérios que marcariam a sua existência. Também, tinha de ser tudo em segredo, porque os invejosos, das bandas de cá, seguidores de Herodes, poderiam eliminá-lo, no berço.
Tudo era mistério sobre aquele menino, que nasceu aqui, na Terra Brasilis, para compor o Time do Santos e ser o Rei do Mundo do Esporte. Ninguém poderia imaginar que Pelé iria conquistar súditos em todos os continentes da Terra, pela excelência absoluta. Os seus milagres atléticos foram tantos, mas nenhum alcançou tanta grandeza humanitária como a sua autoridade de parar uma Guerra! “Pelé parou uma guerra” e “Imortalizou a camisa 10 da seleção brasileira”, como relembrou a rede alemã Deutsche Welle.
Em 1969, o Rei alertou as autoridades brasileiras para o cuidado com os mais vulneráveis. Passado mais de meio século, o País ainda patina em índices de desenvolvimento social e qualidade de ensino, segundo Hugo Cilo, jornalista da Isto é Dinheiro, em uma publicação de 30/12/22. Na mesma publicação, o jornalista registrou: “Pelé pediu, Pelé avisou, mas o Brasil não se importou. O discurso do Rei Pelé foi feito aos prantos, cercado por jornalistas e fotógrafos”.
Em 19 de novembro de 1969, ao marcar o milésimo gol em um dos capítulos épicos da sua história, apelou: “Pelo amor de Deus, olha o Natal das crianças, olha o Natal das pessoas pobres, dos velhinhos cegos. Tem tantas instituições de caridade por aí. Pelo amor de Deus, vamos pensar nessas pessoas. Não vamos pensar só em festa. Ouça o que eu estou falando. É um apelo, pelo amor de Deus. Muito obrigado”. Nesse dia, celebrava-se a bandeira nacional, instituída em 1889. E ainda, Pelé comemorava o aniversário de sua mãe. Que melhor presente para oferecer do que este “Gol Mil”? Orgulho para os brasileiros e para dona Maria Celeste Arantes ver seu filho prodígio entrando para a História. Na época, a esquerda brasileira muito debochou de “Pelé e suas criancinhas”, seria o que hoje chamam mimimi.
Seus pais profetizaram a luz e alegria que ele representaria para a família, para o Brasil, para o mundo, quando o nomearam Edson em homenagem ao inventor da lâmpada, Thomas Edison. E os colegas o apelidaram “Pelé”, durante seu tempo de escola, porque pronunciava incorretamente o apelido do seu jogador favorito, o goleiro Bilé, do Vasco da Gama, e, quanto mais se queixava, mais o nome pegava. Pelé afirmou que não tinha ideia do que o nome Bilé significa “milagre”, em hebreu (פֶּ֫לֶא).
Pelé é mesmo um milagre. Iniciou sua carreira como jogador de futebol aos 15 anos, pelo Santos Futebol Clube. No ano seguinte, já entrou para a Seleção Brasileira. Em reportagem, o jornal francês Le Monde afirmou que Pelé foi “o monarca absoluto da bola redonda, o único jogador a ter conquistado três Copas do Mundo, em 1958, 1962 e 1970”. Em suas redes sociais, o veículo também lembrou a forma como, certa vez, o já falecido craque holandês Johan Cruyff definiu o brasileiro: “O único jogador de futebol a ultrapassar os limites da lógica”. Pelé é herói nacional, humilde, excelente, inigualável. O Atleta do Século.
Maria José Rocha Lima é mestre em educação pela Universidade Federal da Bahia e doutora em Psicanálise. Foi Deputada de 1991 a 1999. Presidente da Casa da Educação Anísio Teixeira. Diretora da Associação Brasileira de Estudos e Pesquisas em Psicanálise-ABEPP-. Soroptimist International SI Brasília Sudoeste. Sócia Benemérita da Hora da Criança- Bahia.