Miguel Lucena
Por não gostar de academias e assumir muitos compromissos, acabei descuidando, por um tempo, da saúde física. De uns meses para cá, retomei as caminhadas e pequenas corridas, vendo o resultado nos buracos do cinto e nas calças e calções folgados na cintura. Comprei até um calção novo, do Barcelona.
De volta de uma caminhada na manhã de hoje, resolvi fazer umas comprinhas em um verdurão da Asa Sul. Botei as compras no carrinho e deixei a cartela de ovos por último. A cartela escapuliu das minhas mãos, mas eu não a deixei cair: no reflexo, bati embaixo dela, ela foi para a outra mão e, por fim, acabou encostada em meu peito, já segura por baixo.
No reflexo, segura daqui, segura dali, eu fiquei como malabarista de sinal, jogando a cartela de uma mão para outra. Parecia que ela era jogada de propósito para os extremos, até parar no peito.
Enquanto eu cuidava da cartela saltitante, o meu calção caiu. Desceu até os pés. A sorte é que eu estava com uma bermuda sobreposta de corrida. Mesmo assim, a moça do caixa quase desmaiava. Não sei se foi de emoção. Ainda brinquei com ela: a calça cai, mas os ovos não se quebram!