
Miguel Lucena
No adeus à filha, Gilberto Gil selou com um beijo na testa o milagre e a tragédia da vida. Talvez tenha revivido, ali, o primeiro beijo que deu em Preta, ainda bebê, quando tudo era promessa. Agora, no silêncio do velório, era despedida — mas também gratidão.
A vida, como disse o poeta, é como um grão: nasce, vira trigo, morre e vira pão. Preta foi farinha de afeto, fermento de alegria.
Na testa da filha, aquele beijo dizia: “Filha, te amo desde o princípio, e te levo comigo até o fim”. Porque o fim é só uma dobra no tempo. E o amor — esse sim — é eterno.