Presa nesta terça-feira (16), Raiane Campêlo é apontada como ‘operadora financeira’ do esquema e responsável por saques de até R$ 900 mil, que eram emprestados às vítimas. Mulher levava vida de luxo em viagens internacionais; g1 tenta contato com defesa.
A nutricionista Raiane Campêlo, moradora de Águas Claras, é apontada pela polícia como “operadora financeira” de um grupo de agiotas que movimentou quantias milionárias no Distrito Federal. O esquema, que era chefiado por um sargento da Polícia Militar, veio à tona nesta terça-feira (16), após operação da Polícia Civil que resultou na prisão de seis pessoas.
De acordo com a investigação, Raiane participava da organização criminosa liderada pelo sargento Ronie Peter Fernandes da Silva. O militar, que foi detido, é suspeito de gerenciar um negócio ilegal que movimentou R$ 8 milhões nos últimos seis meses, emprestando dinheiro e extorquindo vítimas na capital federal (veja mais abaixo).
Raiane foi uma das pessoas presas nesta terça-feira. Tanto ela, quanto Ronie ostentam vida de luxo nas redes sociais, com fotos de viagens nacionais e internacionais.
De acordo com a Polícia Civil, a investigação identificou que Raiane fazia saques de R$ 500 mil a R$ 900 mil “na boca do caixa”. O dinheiro, levado para casa dela, era usado para empréstimos a “juros altíssimos”.
Além disso, segundo a polícia, Raiane é proprietária de uma loja de suplementos que “movimentava cifras muito superiores ao declarado”. Para a investigação, o empreendimento era usado para lavar dinheiro dos juros cobrados pelo militar.
Vida de luxo
Nas redes sociais, Raiane se identifica como nutricionista. Nas publicações, ela mostra alto padrão de vida, com viagens nacionais e internacionais, além de visita a restaurantes.
Entre os destinos visitados pela mulher, estão praias paradisíacas, como Cancún, no México, e viagens a regiões da Europa, como Malta. Além disso, há destinos no Brasil, como Campos do Jordão.
Apesar da ligação com o esquema, a nutricionista não tem vínculo com Ronie nas redes sociais. O militar também costumava ostentar a vida de luxo nas publicações online.
Passeios de lancha, viagens nacionais e internacionais estão no roteiro do sargento, que, segundo o portal da transparência do DF, tem salário líquido de R$ 8 mil. Na última semana, o sargento Ronie Peter publicou fotos das Ilhas Maldivas, um dos destinos mais luxuosos do mundo.
O militar também divulgou imagens de passeios em moto aquática e de um avião. Restaurantes, praias e embarcações compõem o mural de fotos dele. Durante a operação, os policiais apreenderam quatro veículos que seriam do sargento, avaliados em R$ 3 milhões.
Agiotagem e esquema familiar
A Operação S.O.S Malibu foi deflagrada nas primeiras horas desta terça-feira (16) pela Coordenação de Repressão aos Crimes Patrimoniais (Corpatri) da Polícia Civil do DF. Ao todo, foram 15 mandados judiciais expedidos e cumpridos em Vicente Pires, Taguatinga e São Paulo (SP).
A polícia acredita que as sete pessoas investigadas emprestavam dinheiro a terceiros com juros superiores aos permitidos por lei, e cobravam os valores mediante “grave ameaça”. Seis suspeitos foram presos e um está foragido em São Paulo (SP).
Além das prisões e da apreensão dos quatro veículos, a Justiça determinou o bloqueio de sete contas bancárias, de pessoas físicas e jurídicas. A Polícia Civil afirma que o esquema de agiotagem contava com integrantes da família de Ronie, o militar.
O pai e o irmão do sargento estão entre os detidos. Eles seriam responsáveis por emprestar os valores e cobrar dos endividados. “Em algumas situações, eles tomavam veículos e exigiam transferência de imóveis das vítimas”, diz a polícia.
Ainda de acordo com as investigações, o pai de Ronie é dono de uma distribuidora de bebidas que funcionava de fachada para os crimes de agiotagem.
“Existe a suspeita de que essa distribuidora era usada para lavagem de dinheiro. A movimentação da empresa está acima da capacidade dela”, disse ao g1 o delegado Fernando Cocito.
Os outros cinco investigados eram “operadores financeiros”, que faziam transações e saques em contas de empresas de fachada, para “dar uma aparência lícita aos valores oriundos da agiotagem”. Desses, três eram responsáveis pela ocultação do dinheiro e, conforme a polícia, cediam os nomes para registro dos veículos de luxo, cujo dono era o sargento.