“Penso que vamos superar os dois milhões hoje ou, no mais tardar, amanhã”, disse o alto comissário Filippo Grandi em uma entrevista coletiva
O número de pessoas que fugiram da Ucrânia desde o início a invasão russa em 24 de fevereiro superou nesta terça-feira (8) a barreira de dois milhões, anunciou o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur).
O site da organização afirma que 2.011.312 pessoas saíram do país e que a Polônia recebeu mais da metade (1.204.403).
“Hoje, a saída de refugiados da Ucrânia alcançou 2 milhões. 2 milhões”, tuitou o alto comissário para os refugiados, Filippo Grandi.
Grandi visitou Romênia, Moldávia e Polônia, três países de fronteira com a Ucrânia, onde a Rússia iniciou uma ofensiva militar em 24 de fevereiro.
O alto comissário elogiou a recepção “exemplar” dos três países aos refugiados, durante uma entrevista coletiva em Oslo.
Grandi afirmou que “até o momento” estes países estão conseguindo administrar a chegada de refugiados porque estes têm “alguns recursos”.
“Muitos chegam de carro e, sobretudo, têm vínculos, podem viajar até onde possuem família, amigos, uma comunidade”, explicou.
“É possível que, caso a guerra continue… comecemos a observar pessoas sem recursos ou vínculos e isto será um problema mais difícil de administrar para os países europeus”, destacou.
As guerras dos Bálcãs, na Bósnia e em Kosovo, também provocaram um enorme fluxo de refugiados, “entre dois e três milhões, mas em um período de oito anos”, destacou. “Agora estamos falando de oito dias”, disse Grandi.
“Em outras regiões do mundo, sim, observamos este cenário, mas na Europa é a primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial”, afirmou.
Depois de várias tentativas que não avançaram, a Rússia prometeu abrir corredores humanitários nesta terça-feira para permitir a saída de milhares de civis das principais cidades ucranianas, atingidas pela guerra há quase duas semanas.
Banco Mundial aprova ajuda imediata de US$ 489 milhões à Ucrânia
O conselho de administração do Banco Mundial aprovou nesta segunda-feira (7) um programa de ajuda adicional imediato para a Ucrânia batizado de “Financiamento da Recuperação de Emergência Econômica da Ucrânia”, ou “Ucrânia Livre”, com um envio imediato de US$ 489 milhões.
Em 1º de março, a instituição anunciou que estava preparando uma ajuda emergencial de US$ 3 bilhões a favor da Ucrânia, dos quais pelo menos 350 milhões deveriam ser liberados imediatamente.
Seu conselho de administração finalmente decidiu desembolsar a partir de segunda-feira uma quantia maior do que o planejado originalmente.
“O pacote aprovado pelo conselho consiste em um empréstimo adicional de US$ 350 milhões e garantias no valor de 139 milhões”, disse o Banco Mundial em comunicado.
“A ajuda de desembolso rápido” permitirá que “o governo forneça serviços essenciais para os ucranianos, em particular salários para funcionários de hospitais, pensões para idosos e programas sociais para pessoas vulneráveis”.
Além disso, foi aprovado um financiamento de US$ 134 milhões em doações e um financiamento paralelo de US$ 100 milhões. No total, foram mobilizados cerca de US$ 723 milhões.
O Banco Mundial especificou que a Holanda e a Suécia deram 89 e 50 milhões de dólares, respectivamente.
A entidade também informou ter criado “um fundo fiduciário multidoador (MDTF) para facilitar a chegada de doações à Ucrânia, com contribuições do Reino Unido, Dinamarca, Letônia, Lituânia e Islândia, no valor de US$ 134 milhões”. E pediu a seus membros que alimentassem o fundo com outras doações.
Em 12 dias de guerra, centenas de civis foram mortos e outros milhares ficaram feridos na Ucrânia.
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