Com o período de estiagem longe de terminar, o que costuma acontecer só em outubro, o Corpo de Bombeiros registrou mais de 4 mil chamados ocorrência de incêndios em matas neste ano. Com 3.172 registros no primeiro semestre, 2019 tem 28% mais queimadas do que os 2.465 anotados no mesmo período do ano passado.
Com quase 80 dias sem chuva, a temperatura máxima perto dos 30°C e a umidade relativa do ar abaixo de 30% nas horas mais quentes do dia, a seca atinge o auge neste mês. Só nos primeiros 15 dias de agosto, os bombeiros atenderam 995 chamados para combater o fogo no cerrado.
No atual clima, bitucas de cigarro e a queima de lixo provocam grandes incêndios, de acordo com o Corpo de Bombeiros. “Na seca, o fogo perde o controle muito rápido. Chamem um órgão de limpeza para fazer a remoção de entulhos e não jogue cigarros pela janela nas vias, ele pode cair perto da vegetação”, aconselha o comandante especializado do Corpo de Bombeiros, coronel Álvaro Albuquerque.
Na área rural, segundo o oficial, a queimada para replantação também é uma das principais causas de incêndio, além de fogueiras, acesas sem os devidos cuidados, nos espaços destinados a acampamentos.
Cuidados
Além da baixa umidade e da temperatura alta nas tardes, o brasiliense convive com o frio nas madrugadas e inícios das manhã. Essa combinação ameaça a saúde. Os cuidados precisam ser redobrados nessa época do ano.
Hidratação é a palavra-chave neste período. Água, suco natural e frutas precisam ser incluídos na rotina alimentar. “Em Brasília, além do tempo seco, temos o frio, o que se torna um problema grave, porque as pessoas se esquecem de tomar água”, alerta a nutricionista e coordenadora do curso de nutrição do Centro Universitário Iesb, Patrícia Bezerra.
A dica é determinar metas em relação à quantidade de líquido a ser consumido. “Coloque uma jarra em cima da mesa, divida em garrafas pequenas a serem tomadas ao longo do dia ou enumere os copos”, aconselha a nutricionista.
Para saber se a quantidade de líquido é o suficiente, basta observar os sinais do próprio corpo. Um deles é a cor da urina. Se ela estiver escura, o corpo está precisando de água. Dores de cabeça e sensação de mal-estar também são indícios de desidratação
Exercícios
Nem mesmo o Sol forte impediu o professor de educação física Rajane Lopes, 53 anos, de praticar exercício entre 12h e 15h, no Parque da Cidade. “Vim nesse horário porque foi o tempo que tive, mas não recomendo. Gosto de vir de manhã ou no fim da tarde, quando o Sol está mais baixo”, comentou.
A orientação é evitar exercícios físicos entre 10h e 16h. O educador físico Sérgio Avelino afirma que, caso não seja possível, o melhor é procurar ambientes climatizados. “Há academias com essa tecnologia. Dessa forma, não há problema, desde que a pessoa se hidrate bem”, ressalta.
A mudança de horário e de intensidade dos treinos tem sido a alternativa do professor de krav maga Eduardo Guimarães, 37, para manter a rotina, sem prejudicar a saúde. “Costumava treinar às 12h, mas não estou mais conseguindo. Faço um treino muito intenso e esse tempo exige ainda mais esforço, sem contar um gasto maior de caloria. Estou mudando meus horários e focando na musculação, que pratico em ambiente fechado”, diz.
O tempo seco também interferiu na rotina escolar. No Colégio Sigma, as aulas nas quadras de esporte foram substituídas por atividades, como o xadrez. “Aproveitamos para trabalhar outros tipos de jogos e acabamos resgatando atividades muitas vezes esquecidas, como pular corda e brincar de peteca”, conta o coordenador de educação física da unidade de ensino, Carlos Roberto Teles.
Na rede pública, as escolas recebem anualmente um documento da Secretaria de Educação com orientações para este período. Entre as recomendações, estão horários restritos para atividade física, disponibilização de bebedouros, além do incentivo aos alunos a levarem garrafas d’água. “Os professores devem ficar atentos a estudantes com aspecto abatido e a escola deve comunicar os responsáveis, caso ocorram desmaios, tonturas ou qualquer outro mal-estar”, informa a pasta.