Para os economistas, esse é um sinal de que o mercado de trabalho está aquecido.
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Nunca foi tão alto o número de trabalhadores brasileiros pedindo demissão.
Na vaga de barista, a Julia Brunneta tinha salário, férias e 13º, mas há duas semanas ela só tira café em casa e recebe ordens apenas dos clientes da marca própria de biscoitos. Pediu as contas.
“Não estava compensando. Então eu resolvi tomar essa decisão de sair desse outro lugar para tocar minha empresa”, conta a nutricionista e empresária.
Nunca houve tantos pedidos de demissão, de acordo com o levantamento da LCA a partir dos dados do Ministério do Trabalho e Emprego. Foram mais de 7 milhões de demissões voluntárias no período de 12 meses até setembro. Uma onda que não perde força.
“Esse número aumentando desde meados ali de 2021 quando o mercado de trabalho começa a se recuperar da crise provocada pela pandemia. Quando a gente olha para quem está se desligando mais voluntariamente, a pedido, realmente proporcionalmente são as pessoas com mais escolaridade e proporcionalmente são as pessoas mais jovens. Hoje, as pessoas repensam muito bem nas suas carreiras, se elas encontram uma oportunidade melhor no mercado de trabalho, elas simplesmente saem de uma empresa para se admitir em outra”, diz Bruno Imaizumi, economista da LCA Consultores.
Pedidos de demissão — Foto: Jornal Nacional/ Reprodução
A recuperação da atividade econômica, que cria um mercado de trabalho aquecido com oportunidades de escolha, é o pano de fundo para essas histórias. Figurinha carimbada do setor de tecnologia, a gerente de eventos Juliana Nascimento entregou duas cartas de demissão nos últimos dois anos, está em um cargo mais alto e mais que dobrou o salário.
“Eu não me imagino trabalhando em uma empresa tradicional, fazendo um carreira por anos. Eu acho que eu tenho uma veia de estar ali em construção. Então, para mim, eu acho que esses movimentos são muito naturais”, conta ela.
Do ponto de vista das empresas, aumenta o desafio de manter os times, especialmente no caso de profissionais que se destacam na área de atuação. Nos mercados mais competitivos, isso já tem gerado investimentos em treinamento e formação, alinhamento de gestão e, no geral, já dá para notar um impacto positivo na renda do trabalho.
“A gente tem observado, sim, alguma recuperação de salários, reajustes acima da inflação. Hoje elas têm uma maior oportunidade de conseguir alguma ocupação dentro desse mercado de trabalho, seja em outra empresa, seja em outro ramo e até mesmo nessa questão de abertura de empresas”, destaca o economista da LCA Consultores.
Mas antes de ir embora, fica a dica das meninas:
“O mais importante é vislumbrar um plano de carreira. Você olhar para aquela empresa e ver que você pode crescer, se desenvolver, mas a partir disso você precisa ter lideranças que realmente te inspiram”, diz Juliana.
“Mudanças para ações futuras”, pontua Julia. “Se não vai perder talentos como você?”, comenta a repórter. “Sim”, diz ela.
Com informações do Jornal Nacional/g1*