Vizzotti, de 48 anos, uma especialista em medicina clínica que até então era secretária de Acesso à Saúde, assumiu o posto de González, que renunciou a pedido do presidente
(crédito: JUAN MABROMATA/AFP )
Carla Vizzotti assumiu neste sábado (20/2) como ministra da Saúde da Argentina no lugar de Ginés González García, que renunciou na sexta-feira após a revelação de que alguns de seus amigos próximos foram vacinados contra a covid-19 de forma irregular.
Em uma transmissão breve nos canais locais, o presidente argentino Alberto Fernández empossou Vizzotti como a nova chefe da pasta de Saúde por volta das 18h locais (17h no horário de Brasília) na residência presidencial de Olivos. Não houve depois declarações ou respostas à imprensa.
Vizzotti, de 48 anos, uma especialista em medicina clínica que até então era secretária de Acesso à Saúde – função em que se destacou ao obter a vacina russa Sputnik V para a Argentina – assumiu o posto de González, que renunciou a pedido do presidente.
“Respondendo a seu pedido expresso, apresento-lhe minha renúncia ao cargo de ministro da Saúde”, escreveu González García em carta enviada ao presidente nesta sexta.
A gestão do ex-ministro de 75 anos, que já tinha estado à frente da pasta durante o governo de Néstor Kirchner (2003-2007), foi manchada pelas vacinações “privilegiadas” na sede do Ministério da Saúde.
A revelação aconteceu no mesmo dia em que a cidade de Buenos Aires disponibilizou a solicitação de agendamentos online para a imunização de pessoas com mais de 80 anos a partir da próxima segunda-feira, sistema que entrou em colapso quase de imediato devido à enorme demanda.
O escândalo estourou depois que o jornalista Horacio Verbitsky disse em um programa de rádio que, graças à sua longa amizade com o ministro, conseguiu se vacinar em seu gabinete, causando uma onda de reações nas redes sociais com a hashtag #vacunasvip (vacinas vip).
Além de Verbitsky, outras pessoas próximas ao governo se vacinaram no Ministério da Saúde, segundo a imprensa local.
O Ministério Público, por meio da Procuradoria de Investigações Administrativas (PIA), abriu um inquérito para apurar essas irregularidades, indicou a mídia argentina.
O país, com 44 milhões de habitantes, acumula mais de dois milhões de infecções pela covid-19 e ultrapassa as 51 mil mortes.
Até o momento, a Argentina recebeu 1,22 milhões de doses da Sputnik V e 580 mil da Covishield, vacina do Serum Institute of India.
O plano de imunização argentino inclui ainda vacinas da Oxford/AstraZeneca e de outros contratos, inclusive por meio do mecanismo de cooperação internacional Covax, totalizando 62 milhões de doses. (CB)