Presidente baixou o tom nas ameaças feitas em relação ao pleito de 2022, para o qual ele exige o voto impresso
Em conversa com apoiadores na saída do Palácio da Alvorada, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) baixou o tom sobre as ameaças feitas em relação às eleições de 2022. Na semana passada, ele afirmou que as “eleições do ano que vem serão limpas”, em referência ao voto impresso, “ou não teremos eleições”.
Nesta segunda-feira (12/7), o mandatário afirmou que compartilha do desejo de eleições limpas e transparentes, mas repetiu ilações sobre possível fraude.
“Nós todos queremos eleições limpas e transparentes. Se não for assim, não é eleição, isso é fraude. Agora, vamos fazer de tudo para que nós tenhamos eleições limpas e transparentes para o bem do Brasil. Porque se não for assim, é sinal de que já está escolhido quem vai nos comandar. E as pessoas que chegam na fraude não têm compromisso com vocês, ok? Não sou Jairzinho paz e amor”, afirmou.
O titular do Palácio do Planalto tem colocado o voto impresso como condição para legitimar o sistema eleitoral. O atual sistema — pelo qual o chefe do Executivo nacional foi eleito para consecutivos mandatos como deputado federal e para presidente da República, em 2018, — tem urnas eletrônicas sem impressão dos votos e, segundo Bolsonaro, permite fraudes.
Os ataques de Bolsonaro não se limitam às urnas e se estendem a autoridades da Suprema Corte, como o ministro Luís Roberto Barroso, que também preside o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Bolsonaro já afirmou que o magistrado tem “interesse pessoal” em barrar a impressão do voto.
O Supremo Tribunal Federal respondeu às provocações de Bolsonaro, que, segundo Barroso, foram “lamentáveis quanto à forma e ao conteúdo”. “A realização de eleições, na data prevista na Constituição, é pressuposto do regime democrático. Qualquer atuação no sentido de impedir a sua ocorrência viola princípios constitucionais e configura crime de responsabilidade”, salientou o ministro.
Pesquisa Datafolha
Na conversa com apoiadores, transmitida por um canal no YouTube simpático ao presidente, Bolsonaro também comentou recente pesquisa Datafolha, que apontou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva(PT) na dianteira das intenções de voto.
Na disputa entre Lula e Bolsonaro em um eventual 2º turno, Lula marca 58% e Bolsonaro, 31%. Brancos e nulos somam 10% e 1% não sabe. Houve oscilação em relação à última pesquisa do instituto, de maio deste ano, quando o petista tinha 55% e o atual presidente, 32%.
Lula também lidera nos dois cenários apresentados para o eleitor e em todas as simulações de disputa de segundo turno contra outros candidatos.
“Acredita em pesquisa? Se bem que o Datafolha acho que recebeu pouca grana dessa vez, disse que no segundo turno o Lula tem 60%, então tem que botar mais um dinheirinho no Datafolha pra passar pra 70%, 80%”, iniciou Bolsonaro. “Quem sabe que quem confia no Datafolha nem vá votar, já tá eleito mesmo. O Datafolha disse em 2018 que eu perderia pra todo mundo, até para o Cabo Daciolo, com todo respeito ao Cabo Daciolo, conversei poucas vezes com ele. Essa é a vida, pessoal.”
Ainda na conversa com apoiadores, sem citar nomes, o presidente afirmou que esperava ter “mais gente importante” do seu lado.
“Eu tô indo agora trabalhar, os problemas fazem parte, sabia que ia ser difícil, mas esperava contar com mais gente importante do meu lado. Lamentavelmente muita gente importante aí boicota, mas Deus é brasileiro, o papa é argentino, mas Deus é brasileiro”, concluiu.