O presidente Jair Bolsonaro negou, nesta segunda-feira 6 que haja um racha no governo entre militares e “olavetes”, como são chamados os seguidores do escritor Olavo de Carvalho, considerado uma espécie de guru pelo presidente, seus filhos e por outros integrantes da gestão.
Após reunião com o ministro da Economia, Paulo Guedes, para tratar da reforma da Previdência, Bolsonaro afirmou que no seu governo há apenas “um time só”. “Não existe grupo de militares nem grupo de olavos aqui. Tudo é um time só”, afirmou. “O que eu tenho falado é que, de acordo com a origem do problema, a melhor resposta é ficar quieto. É essa orientação que eu tenho falado”, disse. O presidente acrescentou que há “coisas muito, mas muito mais importantes para se discutir no Brasil”.
Nesta segunda-feira, o general Eduardo Villas Boas, comandante do Exército entre 2015 e o início de 2019 e atual assessor especial da Segurança Institucional da Presidência (GSI), rebateu os ataques de Olavo de Carvalho ao general Carlos Alberto dos Santos Cruz, ministro da Secretaria de Governo. Em sua conta no Twitter, Villas Boas afirmou que o escritor age para “acentuar divergências nacionais”.
O general classificou Olavo como “Trótski de direita”, disse que o escritor “a partir de seu vazio existencial, derrama seus ataques aos militares e às Forças Armadas, demonstrando total falta de princípios básicos de educação, de respeito e um mínimo de humilidade e modéstia”. Leon Trótski foi um dos principais mentores da Revolução Russa de 1917, responsável por implementar o regime comunista no país, mas caiu em desgraça ao romper com outros líderes de seu partido, como Josef Stalin.
— General Villas Boas (@Gen_VillasBoas) 6 de maio de 2019
Bolsonaro e Santos Cruz se reuniram no domingo à noite no Palácio da Alvorada. O presidente reforçou que o ministro em nenhum momento falou em deixar o governo. “Santos Cruz está agora em São Gabriel da Cachoeira (AM) discutindo assuntos fundiários e indigenistas. Estive com ele ontem à noite e tivemos uma conversa normal como tenho com os outros ministros. Ninguém pediu demissão”, acrescentou.
Bolsonaro não quis comentar as respostas do general Villas Boas aos ataques de Olavo a membros das Forças Armadas. “Não tenho nada a ver com general Villas Boas, é um comandante que eu respeito”, afirmou. “Os ministros estão todos fazendo o que é determinado. Não podemos sacrificar 208 milhões de pessoas por coisas menores”, concluiu.