‘Peguei o celular para usar como espelho e aproveitei pra gravar’, disse mãe. Ela e a filha estão internadas em maternidade para exames; bebê nasceu de 2,7 kg.
telefonista Yramar Figueiredo, de 34 anos, gravou o próprio parto na manhã desta quarta-feira (17) enquanto dava à luz sozinha dentro de casa, em Sobradinho, no Distrito Federal. Segundo ela, a ideia de filmar o parto foi por impulso.
“Eu peguei o celular para usar como espelho, pra ver o que estava acontecendo, e aproveitei pra gravar.”
O vídeo, que mostra o exato momento em que Sofia nasceu, tem menos de um minuto, mas a mãe disse que o parto durou cerca de dez. “Foi muito assustador, até agora eu não acredito. Não consegui dormir, pensando em como dei conta de tudo aquilo sozinha.
“Eu estava sozinha. Eu e Deus.”
A mãe e a bebê estão internadas na maternidade de um hospital particular. Nesta quinta (18), Sofia – que nasceu de 39 semanas – vai fazer os exames do pézinho e da orelhinha e deve receber alta na sexta (19). “Todo mundo no hospital ficou impressionado, todo mundo queria ver o vídeo”, disse Yramar.
“Me perguntaram como sabia a hora exata que ela nasceu. Sei, porque gravei e o celular marcou 7h37.”
A história do parto inusitado começou na terça (16), quando a bebê “acordou estranha”, segundo Yramar. “Ela sempre se mexeu o dia inteiro. Mas nesse dia, ficou quietinha”. A telefonista, que já havia tido dois filhos, foi ao Hospital Regional de Sobradinho para saber o que estava acontecendo. Depois de fazer exames que monitoram batimentos cardíacos e contrações, ela recebeu a informação que estava entrando em trabalho de parto.
A médica disse que eu estava começando as contrações pro parto. Mesmo assim, voltei pra casa, porque achei que fosse aquela contração que chamam de treinamento, que a barriga fica dura. Eu esperava uma dor que irradiva pras costas, como foi com o Davi [o filho do meio].”
Em casa, as dores de Yramar aumentaram ao longo do dia, mas Sofia não deu sinais de que iria nascer.
“Passei o dia e a noite sentido muita dor e não consegui dormir. Na manhã do dia seguinte [quarta], ainda levantei para preparar os meninos pra escola setindo as contrações.”
A telefonista é mãe de Geovana, de 11 anos, e de Davi, de 7, e cuida das crianças sozinha. “Não tinha outro jeito. Se eles ficassem [em casa], seria pior.” Os dois filhos nasceram de parto normal, mas à moda convencional – dentro de um hospital.
Na quarta-feira, Yramar teria a última consulta do pré-natal da Sofia por volta das 10h e o pai da bebê havia combinado de levá-la. “Mas as dores fortes começaram às 6h, tomei um banho e pedi para ele me buscar mais cedo, porque [a contração] estava de 3 em 3 minutos.”
A bolsa estourou logo depois e Yramar voltou pro chuveiro para se limpar, quando sentiu a cabeça da neném “coroando”. Antes de se deitar na cama, a grávida ainda foi enrolada em uma toalha até o portão da casa para destrancá-lo, caso precisasse ser socorrida.
“Coloquei a mão por baixo [das pernas] com medo de ela cair e fui até o portão. Quando voltei, forrei a cama com edredom e deitei atordoada, sem saber direito o que estava acontecendo.”
Quando o pai da bebê chegou e percebeu o que tinha acabado de ocorrer, ficou “deseseperado”, contou Yramar. Ele a levou até um hospital privado com o cordão umbilical ainda ligado à filha.
“Com o tanto de coisa que aconteceu, eu nem pensei em cortar [ o cordão], nem sabia como faria.”
Segundo Yramar, a obstetra chegou a cogitar a possibilidade de fazer cesária, porque a dilatação não estava evoluindo como o esperado. “Há quase um mês, eu tava com 3cm de dilatação e a médica disse que se eu chegasse lá na quarta e ainda estivesse assim, teria que fazer cesárea.”
“Eu respondi que seria normal. A previsão dela era pro o dia 22. A Sofia nasceu de parto normal e ainda foi fora da hora.”